Comecei o ano fazendo faxina na minha casa. Não foi uma faxina comum, do tipo que passa um pano no chão, limpa algumas janelas e deixa a louça em dia. Dei férias para minha ajudante, o marido viajou para cuidar do pai doente e aproveitei meus primeiros dias de descanso para colocar ordem na casa. Podei o jardim, comprei mudas novas que plantei em vasos, desmontei o quarto de brinquedos do meu filho (me senti a própria mãe do filme Toy Story…), lavei cortinas, troquei roupas de cama, mesa e banho, joguei fora peças quebradas, doei itens que já não fazem parte da minha vida “atualizada”. Foram 4 dias intensos de faxina, que mais pareceram uma reforma: da casa e de mim. Ao arrumar meu lar, me despedindo de peças que não fazem mais sentido e trazendo frescor para ambientes que carregavam pesos desnecessários, me senti mais leve.
A vida precisa de faxina. Assim como uma casa, precisa que ventilemos os ambientes, nos despeçamos do que não faz mais sentido, nos desapeguemos do que está quebrado e pode eventualmente nos machucar com suas quinas, pontas e lascas.
Não é saudável guardar objetos quebrados, aparelhos eletrônicos que não funcionam, roupas estragadas e produtos vencidos. Não acho que a solução seja simplesmente descartar; mas pelo menos reformar, consertar, reparar, reciclar. Da mesma forma, é preciso olhar para nossas vidas e não acumular: mágoas, sentimentos unilaterais, dores que não nos cabem mais.
Quando a louça está lavada e a cama arrumada, a gente raciocina melhor. Da mesma forma, só conseguimos ter mais clareza sobre nossa própria vida, nossos problemas ou nossas possibilidades quando adquirimos um certo afastamento que só é possível quando nos livramos de pesos desnecessários.
Faça faxinas: em casa e na vida! Organize prateleiras, realoje a importância de pessoas e acontecimentos, ensaboe tristezas e varra mágoas. Cole o que pode ser colado, remende o que permite ser remendado; e, acima de tudo, não sinta um pingo de culpa de se despedir de pesos mortos que só acumulam poeira e dor.
Após semanas de especulações e mistério em torno da identidade da mulher que inspirou a…
No cenário caótico das recentes enchentes em Canoas, Rio Grande do Sul, uma história de…
No bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, uma situação peculiar ganhou destaque…
O surfista Pedro Scooby utilizou suas redes sociais na última terça-feira (7) para relatar a…
Um dia, alguém que você ama lhe fará uma pergunta esperando receber algum tipo de…
Ao invés do tradicional glacê ou chocolate, ela optou por um delicioso bolo com cobertura…
View Comments
É incrível como seus textos tocam minha alma.
Há 5 anos atrás, eu havia lido "coincidentemente" o texto "O tempo de delicadeza", numa época em que exatamente eu estava passando por tudo que aquele texto retratava.
E confesso que até, foi um alicerce de um dos motivos de eu ter permanecido em minhas raízes lá atrás.
E hoje, mais uma vez, o texto fala comigo como se conhecesse minha vida. rs
Parabéns, que trabalho lindo!