Perdi o sono nessa madrugada, você passeando pela minha cabeça, só pra variar. Aliás, tem sido constante sua presença aqui, eu já aceitei conviver com ela, como um fantasma, de um lado me dizendo que poderia fazer mais, do outro, que foi você quem escolheu e eu não posso lutar contra isso. A gente escolhe todos os dias e cada decisão nos aproxima ou nos afasta de quem seremos, de quem vamos encontrar. No final das contas a gente pode até deixar que uma coisa ou outra tome o rumo do vento, mas a gente sabe a responsabilidade que temos pelo resultado do que fazemos e até do que negligenciamos. Pelo menos deveríamos saber.

Eu tenho medo de me perder do plano da vida, sabe? Daquilo que parece estar escrito? Quando derrubo um café, quando espero pra responder, quando desmarco um encontro, quando pego outro caminho. Fica aquela paranoia morando na mente, seguir o plano ou, fazer o contrário daquilo que normalmente faria? E se fazer o contrário era parte do plano. Há sete bilhões de pessoas no mundo que a gente poderia conhecer mas não conhece.

Enquanto o sono não vinha, me debrucei no trabalho e num filme que falava do destino, nos vi vestidos dos personagens todo o tempo. Se somos capazes de escolher, porque não escolhemos? A gente fica deixando a vida passar, esperando que numa esquina ou outra, vai cruzar com alguém que dê sentido a essa corrida louca, que já deixamos de correr lado a lado, mas, no fundo, no silêncio, no choro, na madrugada, a gente sabe que há sete bilhões de peitos pra achar o amor, mas a gente não acha. Quando eu não quis procurar, te achei, me achei em ti.

Giovane Galvan

Giovane Galvan é taurino, apaixonado e constantemente acompanhado pela saudade. Jornalista, designer, produtor e redator, escreve por paixão. Detesta futebol e cozinha muito bem. Suas observações cotidianas são dramáticas e carregadas de poesia. Gosta do nascer e do pôr do sol, da noite, mesas de bar e do cheiro das mulheres pra quem geralmente escreve. Viciado em arrancar sorrisos, prefere explicar a vida através de uma ótica metafórica aliando os tropeços diários a ensinamentos empíricos com a mesma verdade que vivencia. Intenso, sarcástico e desengonçado, diz que tem alma de artista. Acredita que bons escritos assim como a boa comida, servem de abraço, de viagem pelo tempo e de acalento em qualquer circunstância.

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