A primeira panqueca nem sempre é a melhor

Algumas pessoas entram em nossas vidas e a gente sente que elas chegaram para bagunçar tudo, mas na verdade elas estão ali para que você olhe para uma situação e se cure dela. Algumas pessoas entram em nossas vidas para tocar aquela ferida que precisa ser cicatrizada.

Muitas vezes, porém, a gente só enxerga a bagunça que elas causaram. Talvez seja hora de entendermos que o Universo nos dá chances de ressignificar os acontecimentos, olhar por outro ângulo, aprender com a dor. Muitas vezes, a pessoa que toca antigas feridas e repete traumas antigos tem o papel de nos fazer enxergar as coisas com mais maturidade, e lidar com elas com mais entendimento.

As repetições acontecem até que você aprenda. Os ciclos se repetem até que você compreenda. A dor reincide até que você assimile. A cura ocorre quando você entende.

Quando você está aprendendo a fazer panquecas, você geralmente despreza a primeira amostra. Pois ela facilmente ficará embatumada, repleta de óleo, muito pesada. Da segunda em diante, tudo flui. Assim também é a vida. Nem sempre a primeira tentativa será perfeita ou melhor. É preciso tentar de novo, e certamente dali por diante as coisas ficarão mais fáceis e próximas do ideal. Os erros existem pra gente aprender, e não nos culpar por eles.

O melhor lugar pra gente existir no mundo é aquele lugar onde nos é permitido o erro. Onde não precisamos ser perfeitos, e podemos mostrar nossa vulnerabilidade sem medo do julgamento alheio. O melhor lugar do mundo é aquele em que podemos assumir nossa humanidade, sem fingimento, sem maquiagem, sem inseguranças acerca do nosso valor.

Depois de algum tempo, você aprende a fazer panquecas de qualidade, que não grudam na frigideira e podem ser viradas com um gesto hábil e rápido. E você aprende que foi necessário desprezar algumas amostras até encontrar o ponto certo. Desistir só porque algo deu errado não nos autoriza a evoluir, melhorar, aprender. Tentar novamente, arriscando, driblando as dificuldades e contornando o sentimento de inferioridade requer coragem e disposição. Mas só assim alcançamos a excelência. Nada vem de graça, crescer dá um trabalho danado.



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Fabíola Simões é dentista, mãe, influenciadora digital, youtuber e escritora – não necessariamente nessa ordem. Tem 4 livros publicados; um canal no Youtube onde dá dicas de filmes, séries e livros; e esse site, onde, juntamente com outros colunistas, publica textos semanalmente. Casada e mãe de um adolescente, trabalha há mais de 20 anos como Endodontista num Centro de Saúde em Campinas e, nas horas vagas, gosta de maratonar séries (Sex and the City, Gilmore Girls e The Office estão entre suas preferidas); beber vinho tinto; ler um bom livro e estar entre as pessoas que ama.

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