Ludmila Cassemiro é uma modelo, ativista e comunicadora de 21 anos que denunciou racismo após ter sido vítima de injúria racial no bairro Cachoeirinha, na Região Nordeste de Belo Horizonte, no último sábado (9).
Em suas redes sociais, a jovem compartilhou um vídeo que mostra uma homem dizendo que o cabelo dela ‘assusta’ as pessoas. Ao se afastar, ela fala: “Guarda o seu racismo para você”.
Em entrevista ao G1, Ludmila conta que estava a caminho a academia quando encontrou o homem que ela não conhecia vindo na direção oposta.
“Antes que eu pudesse dar ‘boa tarde’, ele veio até mim me atacando, dizendo que sempre quis falar que meu cabelo incomodava, que assustava as pessoas. Disse que meu cabelo era desproporcional e demonstrava autoridade, que, como fotógrafo, poderia falar do meu cabelo. Eu me senti sem chão. O choque foi tão grande que nem consegui argumentar”, disse.
A jovem também afirmou que não é a primeira vez que é vítima de racismo e já chegou a perder oportunidades de trabalho e até o emprego por causa do cabelo.
“Não foi um caso isolado, infelizmente. Já fui demitida do serviço sob a justificativa de que meu cabelo poluía o ambiente. Sempre sou invalidada porque minha imagética é colocada à frente da minha capacidade intelectual”, falou.
A modelo ainda não procurou a polícia, mas pretende denunciar o caso ao Ministério Público.
“Eu vou representar aqueles que ainda não se sentem seguros para quebrar o silêncio. Muitas pessoas me procuraram para agradecer, falando que se sentiram representadas, que eu tive coragem de falar. É só o começo, porque eu pretendo continuar me manifestando. As pessoas fazem mal por sermos quem somos, nossa vida é colocada em ameaça o tempo inteiro”, disse.
Depois de seu relato publicado nas redes sociais, a modelo foi procurada por fotógrafos que ofereceram ensaios gratuitos para mostrar a beleza do cabelo dela, motivo de orgulho e símbolo de resistência.
“É a minha identidade. Eu sempre usei muito produto para tirar o volume, tentar definir o cabelo, até entender que meu cabelo é crespo. Conheci o ativismo, a história, e aprendi a me amar e me respeitar. Hoje eu me amo do jeitinho que eu sou e não mudaria nada”, falou.
Com informações de G1
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