Não tenha medo de sangrar se isso vai trazer à tona um você que é mais você do que aquele que te encara no espelho todos os dias

Um dos livros que mais tem me dado prazer de ler é “Mulheres que correm com os Lobos”, da psicanalista Junguiana Clarissa Pinkola Estés. Eu leio aos poucos, absorvendo cada história e seu significado em doses homeopáticas. Acredito que seja um livro para se ler assim, pois as informações contidas, combinando mitos e histórias com análises de arquétipos e comentários psicanalíticos, têm que ser elaboradas com cuidado, já que significam um mergulho profundo na natureza feminina.

Um dos trechos do livro que me causou grande empatia foi: “Chegar ao fundo do poço, embora extremamente doloroso, é chegar ao terreno de semeadura.”

Que ninguém quer sentir dor, principalmente emocional, todo mundo sabe. Mas também é consenso que ninguém estará imune à dor, sobretudo emocional. Cedo ou tarde, experimentaremos o que significa estar à flor da pele, completamente vulneráveis e totalmente despidos de qualquer armadura que nos proteja da existência e suas desventuras.

Mas há alguém dentro de você que você ainda não conhece, e não é conseguindo todos os likes que almeja, ou adquirindo todos os bens que deseja, ou sendo completamente realizado na vida pessoal e profissional que você acessará essa pessoa escondida em seu corpo que tem tanto a te dizer. É na dor, no caos, na infinita tristeza que você encontrará a raíz da sua psique, o terreno da sua semeadura.

Deixe chegar a dor. Deixe entrar. Deixe ela te mostrar o que uma alma desprotegida é capaz de ensinar. Deixe expôr. Deixe desnudar. Não tenha medo de sangrar se isso vai trazer à tona um você que é mais você do que aquele que te encara no espelho todos os dias. Não tenha medo de desbastar a ferida se é para a cura vir em seguida.

Por fim me lembro da rosa, e na contradição que ela encerra. No encontro perfeito entre o encanto e a ferida. No pacto de dor que há por trás da beleza, e na promessa de bonança que existe encoberta por cada espinho.

Tão contraditórios quanto à rosa, são a vida e o amor. Às vezes o amor machuca, mas ele não deixa de ser amor por isso.

E parafraseando Albert Camus, no fim de nossa jornada de beleza e espinhos, talvez um dia a gente possa reconhecer que: “No meio do inverno aprendi, finalmente, que havia em mim um verão invencível”

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Fabíola Simões é dentista, mãe, influenciadora digital, youtuber e escritora – não necessariamente nessa ordem. Tem 4 livros publicados; um canal no Youtube onde dá dicas de filmes, séries e livros; e esse site, onde, juntamente com outros colunistas, publica textos semanalmente. Casada e mãe de um adolescente, trabalha há mais de 20 anos como Endodontista num Centro de Saúde em Campinas e, nas horas vagas, gosta de maratonar séries (Sex and the City, Gilmore Girls e The Office estão entre suas preferidas); beber vinho tinto; ler um bom livro e estar entre as pessoas que ama.

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