Universidade brasileira cria plástico biodegradável feito de mandioca

Um grupo de pesquisadores do corpo da conceituada Universidade de São Paulo, a USP, desenvolveram um novo tipo de plástico biodegradável que tem como matéria-prima a mandioca. Ou melhor, o amido dela.

O composto foi produzido em conjunto por duas unidades da universidade: a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, e a Escola Politécnica (Poli), a partir de uma técnica que utiliza do gás ozônio para processar o amido da mandioca e melhorar as propriedades do plástico.

O produto final resultou num plástico biodegradável, transparente e resistente, podendo ser usado nos mais diversos tipos de embalagens. Segundo os pesquisadores, a patente já foi solicitada, visando a transferência da tecnologia para a indústria o mais breve possível.

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“A busca por alternativas renováveis para a produção de plásticos biodegradáveis é crescente, sendo foco do estudo de diversos grupos de universidades no mundo inteiro”, explica o professor Pedro Esteves Duarte Augusto, coordenador do Grupo de Estudos em Engenharia de Processos da Esalq.

“Uma das possíveis matérias-primas para a produção desses plásticos é o amido, ingrediente natural obtido de vegetais como milho, mandioca, batata, arroz, entre outros.”, continua.

Ainda segundo Pedo Esteves, eles precisaram formar um um grupo de pesquisa multidisciplinar porque a produção de plásticos a partir de amidos tem sido explorada há pelo menos 15 anos pelo grupo da professora Carmen Cecilia Tadini, do Laboratório de Engenharia de Alimentos da Poli e do Food Research Center (FoRC), um dos Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Por outro lado, no Ge²P estudamos, desde 2015, diferentes tecnologias para modificação de amidos e possíveis aplicações”, afirma Pedro. O grupo já vem trabalhando com outras tecnologias, algumas que inclusive dizem respeito a ultrassom e irradiação, além de estudos com modificação de amidos com ozônio, como a melhoria da expansão no forno e da impressão 3D.

A pesquisadora boliviana Carla Ivonne La Fuente Arias, engenheira química e de alimentos e também integrante da pesquisa, relata:

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“Trata-se de uma tecnologia verde, amigável com o ambiente. Esse é o foco, modificá-lo com o ozônio de maneira a melhorar suas propriedades na forma nativa. Produzimos assim esse plástico biodegradável e, mesmo ainda na etapa inicial, já obtivemos um produto de boa qualidade. A próxima etapa, a ser executada na Poli, é a produção em escala semi-industrial”.

A fase final do projeto está sendo conduzida na Esalq, com as etapas de ozonização, secagem e caracterização das amostras de amido. Após isso, Carla vai levar o material até a Poli para preparar e caracterizar o plástico biodegradável.

“O processamento dos amidos com ozônio permitiu a obtenção de filmes plásticos mais resistentes e homogêneos, com diferente interação com a água e, em alguns casos, melhor transparência”, detalha Carla. “Essas são características de grande interesse industrial, demonstrando como a tecnologia de ozônio pode ser útil para a fabricação de plásticos biodegradáveis com propriedades melhores do que utilizando apenas o amido nativo.”

Nos próximos anos, com a sua produção em larga escala, o plástico biodegradável poderá ser utilizado no mercado de várias formas. “As aplicações são inúmeras, já que embalagens mais resistentes e transparentes são desejáveis em grande parte das aplicações”, destaca. Um pedido de patente já foi depositado, visando à transferência de tecnologia para a indústria.

Fonte: USP/Fotos: Gerhard Waller/Esalq



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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