A arte de relevar

“Com o passar dos anos aprendi que existem formas mais leves de seguir a vida. Não são todas as pessoas que convivo que gosto, não são todas as atitudes de pessoas que gosto que concordo, mas aprendi algo fundamental. Aprendi a respeitar a maneira de cada uma delas e ficou tão mais fácil. Porque conviver é uma arte que depende não só de respeito, mas de paciência também. Com esse aprendizado adotei um exercício valioso, o de relevar. E eu me convido diariamente a ser leve, a própria palavra faz o convite: re-le-ve. Volte a ser leve. Aposte suas fichas na paz. Respeite. E você vai perceber que o amor vai chegar facilmente.”

Ana Nunes

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A maioria de nós não faz esse exercício de conhecer as raízes das palavras ou mesmo de separá-las em sílabas e perceber que isso por si só já diz muita coisa.

Relevar é a arte de voltar a ser leve. E leveza é uma característica de quem vive na essência. Viver na essência quer dizer estar em paz consigo mesmo e com o mundo, com as pessoas, com a natureza.

Relevar está diretamente relacionado com o autoconhecimento, com a evolução pessoal e o amadurecimento. É fácil notar que grande parte dos adolescentes ou mesmo adultos jovens têm uma tendência a serem mais reativos ou impulsivos. Muitos inclusive adoram aquele ditado que diz: “eu não levo desaforo pra casa”.

Esse é um ditado típico de pessoas que estão pesadas, estressadas, e por vezes fora de si. Seria bem mais interessante dizer “eu só levo paz pra casa”, “eu só levo alegria e amor pra casa”. Você percebe o poder que isso tem? Ao retirar esse “não” e no lugar dele inserir sentimentos nobres muda completamente a nossa energia.

Eu gosto de trocadilhos e a palavra relevar nos dá um que acho incrível. Quem releva é porque revela que possui um olhar mais maduro. Ou seja, prova através dos gestos e do próprio dia a dia que não se exalta com qualquer coisa, que valoriza as amizades muito mais do que as pequenas divergências, que respeita a individualidade dos outros, respeita suas escolhas, mesmo que não concorde com algumas delas etc.

Não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro tem vivido tempos de muita intolerância e desrespeito. Por isso considero essa reflexão importante e atual. Um exercício simples que podemos fazer para olharmos para dentro de nós mesmos e você pode hoje ainda colocar na prática é se questionar o valor dos momentos, das pessoas, das crenças etc.

Por exemplo, você está com um grupo de amigos e todos começam a falar sobre a política. De repente, um deles começa a afirmar seus pontos de vista que destoam totalmente dos seus. Nessa hora você se faz a seguinte pergunta: “Vale a pena eu começar a discutir de forma enérgica, querendo provar que estou certo e ele errado?” ou “Vale a pena eu perder minha paz sabendo que por mais que tentemos nos entender, ele continuará pensando da mesma forma?”.

Com esse exercício mental você pode logo perceber que não! Que é um gasto não apenas de energia, mas um possível gasto no relacionamento que pode acontecer.

Eu amo o significado do verbo RESPEITAR, em sua raiz etimológica ele significa: “Olhar à distância” ou “Olhar uma segunda vez”. Ou seja, é não ser impulsivo, não querer a fina força que os outros vejam como você vê, pensem como você pensa ou façam as coisas como você faz… Simples assim!

Vamos aprender a arte de relevar e assim termos muito mais paz de espírito e paz nos relacionamentos?

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Foto de Allef Vinicius no Unsplash



LIVRO NOVO



Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor de Física e Matemática, mas não deixa de alimentar o seu lado das Humanas estudando a mente humana e seus mistérios, ouvindo seus pacientes e compartilhando conhecimentos em seu blog "Para além do agora", no qual escreve desde 2012.

1 COMENTÁRIO

  1. Realmente, relevar é fundamental. Algemas, cruzes, correntes,cadeados e ferrolhos são esses impedimentos psíquicos que nos entravam a liberdade de caminhar sem empeços. É a mágoa cultivada por décadas, suscetibilidades e melindres contra essa ou aquela pessoa, lembrada com a animosidade dos adversários, sem a benevolência dos irmãos. É a lembrança desagradável que, embora opressora e maligna, nos apraz recordar, qual ópio irresistível que nos adoece ao mesmo tempo que nos escraviza sem que saibamos obstar-lhe o acesso à nossa casa mental, sagrada. No entanto, entre o bem e o mal, apenas uma escolha nos separa; por isso mais inteligente e produtivo optar pelo que nos eleva, embeleza e aperfeiçoa, relevando as “puxadas de tapete” propositais ou fortuitas, porque movimentamos energias poderosas quando pensamos, falamos e agimos que, não sendo boas, voltarão multiplicadas para nos entristecer, oprimir, empobrecer e enfermar, na exata proporção do que plantamos para colher. Ao invés de vociferar contras as trevas, acender uma luz; de um fósforo começa o incêndio na floresta mas “o remédio para a maldição é a bênção”.

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