A tristeza é necessária e faz parte do roteiro humano

Às vezes, a tristeza vem morar conosco! Senta no sofá, toma sopa sem sal e reclama das notícias do jornal. Fica ali, olhando para as paredes, resmungando baixinho feito uma velhinha infeliz! E o que nos resta fazer para a hóspede indesejada? Café coado na hora e dois ouvidos apurados.

Toda tristeza tem nome, sobrenome e história para contar. Merece ser ouvida! Tristeza ignorada é visita indesejada. Diz que vai ficar “uns dias”, mas não desocupa o quarto por meses a fio. Mas, se damos atenção a ela, se a ouvimos, se ela conta de onde veio e para onde deseja ir, ela se liberta e nos liberta!

E à vontade em nossa morada, com a sabedoria de anos vividos, a tristeza bem acolhida nos ensina boas lições! Menos eufóricos e entusiasmados, olhamos a vida em câmera lenta e com olhos de águia… Sem pressa e reflexivos nos permitimos chorar, esvaziar o poço das frustrações, que caso não seja drenado, nos sufoca! A água represada das tristezas não ditas sobe silenciosa pelas paredes, e quando nos damos conta, cobriu o nosso pescoço.

Não somos felizes o tempo todo e não estamos em paz sete dias da semana! Particularmente, nossa vida parece tranquila, mas nos achega o pai com a glicose alterada, o irmão que se divorcia ou a partida de alguém querido. E conectados com quem amamos, doamos nosso abraço e recebemos em troca um pouco da angústia do outro. A simbiose sentimental nos fortalece.

Tristeza, assim de vez em quando, com hora marcada para ir embora, é visita necessária. Merece nossa atenção e desafia a nossa humanidade… E por mais que asfotos das redes sociais estampem nossos melhores sorrisos, sabemos todos, cada um carrega a sua alegria, mas também seu desafio particular! 

Seríamos tolos se acreditássemos que tudo parece bem para o nosso vizinho, enquanto somente dentro de nós, algumas tristezas chegaram para nos visitar. Amarguras e contentamentos fazem parte do roteiro humano, compõem nossas histórias, estão impressas nas nossas vidas como parte do que somos e do que aprenderemos a ser. Por isso, todo oposto soa como desequilíbrio! A tristeza enraizada ou a euforia cotidiana estão nos extremos e o nosso equilíbrio reside no meio!



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Cris Mendonça é uma jornalista mineira que escreve há 14 anos na internet. Seus textos falam sobre afeto, comportamento e Literatura de uma forma gostosa, como quem ganha abraço de vó! Cris é também autora do livro de crônicas "Mineiros não dizem eu te amo".

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