Não. O sentimento é fluido, gratuito e sincero. Não quero bancar a inacessível, até porque, eu não sou. Quero ser encontrada sempre que for procurada, isso é que inspira confiança. Quero atender, no máximo, no terceiro toque porque se ouvir o primeiro, vou atendê-lo naturalmente. Não é isso que me torna mais valiosa ou “fácil”. Quero perguntar pelo teu dia porque realmente me interesso pela tua vida. Quero te ver porque sinto saudade e não vou esperar teu sinal para saber se posso dizer que sinto. E por falar em bem querer, ah… te quero bem sim, saiba disso. Mesmo havendo um protocolo cheio de regras que disfarcem isso, foda-se: eu te quero bem, com todas as letras, de preferência, em negrito e garrafais! É que o que eu sinto, só eu sei. Quando a saudade dói, é em mim. Quando a paranoia flui, eu quem piro. Ninguém sente por mim, nunca sentiu.

Regra alguma me conforta. Então saiba: me preocupo sim, te quero bem, desejo acordar ao teu lado todos os dias, é você quem me faz sorrir com verdade. Estou sendo fácil por isso?

Bom, num mundo onde nada disso é muito relevante, sinto-nos exceções da pele e do desejo superficial, que se atentam a medidas, aparências e comprimentos. Sinto-nos raros por sentir e assumir. Sinto-nos preciosos por declarar o impronunciável.

Quero-te com todas as letras, em todos os idiomas que sequer conheço. Desejo-te perto, dentro, no meu sangue, suor e saliva. É… se eu sentir saudade, eu vou te falar. Se eu sentir vontades, também. Por ora, é um misto disso com bem querer, desejo e esse sentimento leve, borboleteante e cataclísmico, que não sei definir, mas imagino em tons de azul e textura de algodão doce.

Me abrace daí, que eu fico mais forte ladeada por teus braços daqui. Me queira daí, que eu fico mais porra louca ajuizada daqui. Eu não quero saber de regras de conduta, tampouco de convenções do meu sexo frágil e guerreiro. Eu só quero saber de como te fazer confiar no amor e sorrir, e se isso é ser fácil, saiba, amor: eu tô de graça.

Ludmila Clio

Ludmila Clio nasceu em Cachoeiro de Itapemirim/ES, em 22 de Março de 1981. Começou a escrever para sua gaveta, como a maioria dos escritores, mas furtivamente, mostrando seus escritos para amigos e professores, foi encorajada a romper com a gaveta e publicar-se. O estopim se deu em 2004, quando venceu pela primeira vez um concurso nacional de poesias, realizado no Paraná. Graduada em História e autora de 02 livros de poesia, está prestes a lançar seu primeiro livro em prosa. Mora atualmente em Campinas/SP com sua filha adolescente.

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