Vanelli Doratioto

Saia do seu canto e vá para o meio da praça

Se você que está me lendo agora mora em uma cidade do interior certamente sabe o que significa ir para a praça. A praça é o coração das cidades pequenas. É lá que pessoas respiram ao ar livre a chance real de encontrar amigos e amores. A praça é um recanto de possibilidades.

No entanto, se você assim como eu, mora em uma cidade grande, certamente não tem ido tanto à praça quanto desejaria. É que a praça física para nós habitantes de grandes cidades, quase sempre, foi substituída por praças simbólicas dentro de espaços fechados.

Academias, Shoppings, Bares e Baladas são praças modernas. Lá encontramos também a possibilidade de amigos e amores. Qual tem sido a sua praça? Cada praça é frequentada por pessoas diferentes. Cada praça tem uma tribo.

Ficar fechado em nós nesse tempo agitado, cheio de trabalho, trânsito e estresse é tentador. Eu sei, a nossa praça nem sempre está tão perto de nós. Muitas vezes estamos isolados em um pedaço de mundo em que poucos se parecem conosco. Mas, não caia na tentação de se fechar, a vida pede praças. A vida pede o movimento do ir e vir em torno de uma igreja – que é a nossa fé no melhor. A vida pede a alegria em torno de um coreto, onde pessoas dançam e cantam o prazer de estarem juntas. A vida pede praças. A vida pede movimento.

Cada praça tem suas razões. Escolha com carinho a sua praça antes de sair pro mundo. Escolha com o coração para onde você quer realmente ir. Pare e pense nos lugares que você tem frequentado. São agradáveis para você? Estão repletos de pessoas que podem compartilhar gostos parecidos com os seus? Você tem se sentido livre nesses lugares? Se você ainda não se descobriu, pare e pense em qual é realmente a sua praça. Uma praça onde você caiba junto dos seus sonhos.

As minhas praças são museus e livrarias. Gosto de caminhar por espaços que me contam histórias. As minhas praças são um pouco vazias e silenciosas, admito, mas são onde me sinto bem. Onde me sinto abraçada e acolhida. Não vá para praças que não são suas. Não aceite ir com outros para lugares onde você não se encaixa, onde você não é ouvido. Quando vamos para praças que não são nossas nos tornamos invisíveis. Nessas praças desaparecemos.

Eu sei disso porque, por muito tempo, fui a praças que não eram minhas. Nelas eu não conseguia falar e não era compreendida. Nessas praças as portas das igrejas estavam sempre fechadas para mim. Os coretos estavam sempre apagados e as fontes secas. Não dá pra ser feliz em uma praça que não é sua. Não dá para ser feliz longe do amor e da amizade verdadeira.

Que a nossa praça tenha uma igreja que possa expressar a nossa fé. Que a nossa praça tenha uma fonte onde possamos beber a vida e nos sentirmos saciados e gratos. Que nossa praça possa ter árvores que foram plantadas por aqueles que acreditaram no futuro e em nós, antes mesmo de termos nascido. Que nossa praça possa ter grama verde e sol. Que ela possa ter música e encanto. Que nossa praça possa nos dar amigos, abraços, amores e laços reais.

Escolha com carinho onde você quer realmente estar nas horas livres. Essa escolha vai ser decisiva em sua vida. Essa escolha irá mudar o rumo das coisas. Saia do seu canto e vá para o meio da praça, mas vá para o meio da sua praça. É lá que a vida acontece.

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Atribuição da imagem: pixabay.com – CC0 Public Domain

Vanelli Doratioto

Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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Tags: a solidão

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