A intimidade é muito mais sobre o que acontece fora da cama!

Há quem transe para alcançar a intimidade e há quem busque a intimidade para transar. Ambos estão equivocados. Transas não precisam de intimidade, precisam de uma conexão física, desejo e disponibilidade. Ponto.

Intimidade é outra coisa.

Intimidade é poder ficar em silêncio, sem constrangimento. É não ter que ficar preocupado se tem ou não tem um pedacinho de alface no dente. É dormir de roupa, sem roupa, com meia roupa, na maior tranquilidade, porque o outro ali do nosso lado é tão próximo que tudo isso passa a não ser mais que um detalhe bobo.

Íntimos são aqueles que dividem segredos e compreendem que o outro pode ter segredos indivisíveis, indizíveis, inconfessáveis. E tudo bem!

Íntimos são aqueles que não reclamam a atenção do outro porque estão mais preocupados em manter um canal aberto de comunicação do que um escoadouro intermitente de afagos na autoestima.

Íntimos são os que se sabem dispensáveis em alguns momentos, posto que ninguém nesse mundo tem o poder sobre humano de suprir TODAS as necessidades de ninguém.

Íntimos são os que se divertem juntos, riem de bobagens, choram por bobagens, riem por conquistas supremas, choram por perdas dolorosíssimas, de mãos dadas, braços entrelaçados, dando ou recebendo colo, formando um nó de laços de corpo inteiro com o outro… a depender da hora, da gravidade ou da boniteza da situação.

Intimidade é fogo manso que alimenta a brasa por anos a fio, nos dias frios, nos dias quentes, resistindo à umidade das lágrimas e à luz ofuscante do sucesso do outro.

Intimidade é construção de tijolinhos que permite muitos e muitos “puxadinhos”, para abrigar festas, pausas e lutos.

Intimidade é essa deliciosa sensação de poder diluir-se no outro, misturar salivas, peles, vozes, silêncios, risos, olhos encharcados e corações partidos… e ainda assim voltar inteiro para se reencontrar consigo mesmo.

O resto? O resto é bom também! Só não é intimidade. Tem outros tantos nomes, tão bonitos ou não; tão fortes ou não; bem-vindos, cabíveis. Porque a vida é mesmo uma coleção de momentos que chegam e vão, uns viram pontos, outros viram histórias. Mas só aquilo que é partilhado no íntimo, no fundo, no dentro de nós é que ganha o privilégio de virar memória!



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"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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