Não escrevo para ser bem rankeada no Google, escrevo para preencher vidas

É cada vez mais comum sermos impactados por textos e cursos abordando a importância do SEO. Para quem ainda não sabe, SEO se trata de um conjunto de estratégias com o objetivo de otimizar o posicionamento de uma página da web – tais otimizações visam alcançar bons rankings orgânicos, gerando alto tráfego para o seu site.

E por que isso é importante? Bom, a quantidade de blogs e e-commerces cresceram tanto nos últimos anos que é muito fácil você se tornar apenas mais um em meio a tanta oferta. De certa forma, por mais que o mundo digital tenha proporcionado várias ferramentas para as pessoas empreenderem e se comunicarem, às vezes parece que temos mais oferta do que demanda.

Se você tem um negócio online ou um blog, como no meu caso, sabe que existem inúmeros recursos e estratégias para gerar mais tráfego, conversões e potencializar o seu conteúdo/produto. Tais ferramentas e conhecimento são incríveis e, na maioria dos casos, fazem muito sentido para o objetivo de negócio das empresas.

A questão é que nos últimos tempos, após ser tão impactada por tantas mensagens exaltando o quanto o SEO é importante, fiquei me questionando se devia investir nesta prática. E toda vez que me perguntava “por que ainda não fiz isso?” eu acabava chegando na mesma resposta.

Comecei a escrever porque gostava da atividade e enxergava significado em minhas palavras. Depois resolvi criar um blog para expor as minhas reflexões a um público maior, pois queria ajudar de alguma forma quem buscava conforto na escrita. Bom, e agora querem que eu utilize estratégias de marketing digital e entenda exatamente quais palavras eu preciso colocar no meu texto para ele alcançar mais pessoas.

Por um lado me parece que, por mais que essa estratégia seja muito importante, não está alinhada à essência da minha escrita. Eu escrevo pensando na melodia e significado das palavras e como elas podem realmente ser relevantes para quem está lendo.

Dificilmente consigo robotizar as minhas escolhas de escrita por conta de um algoritmo ou algo do tipo.
A escrita (pelo menos a mais genuína e aquela que eu acredito ser significativa) vem de dentro, vem do coração. Não é algo que consigo controlar, pois ela simplesmente sai de mim e desejo expressá-la de tal maneira que não perca a sua força e brilho.

Ao mesmo tempo que técnicas de SEO e tantas outras são super importantes para mais pessoas terem acesso aos meus textos, fico me perguntando se é isso o que eu quero. Afinal, posso escrever um texto que será super bem rankeado e terá milhões de acessos, mas se ele não significar nada para mim, então o meu trabalho como escritora não foi bem feito.

Preciso ter a certeza de que acredito plenamente naquilo que escrevo e que não estou apenas cumprindo um protocolo para ter o tão almejado sucesso de milhares de fãs. Para mim, mais vale um texto lido por poucos, mas escrito com o coração e que realmente se conecte com os leitores, do que palavras baseadas apenas em regras e números, sem afinidade com o que acredito.

Sou tradicional e posso até ser considerada meio antiquada por alguns: gosto de papel e caneta e escrevo baseada no que sinto e acredito ser uma mensagem importante para as pessoas. Posso não ser famosa pelos meus textos e nem ganhar dinheiro com eles, mas sei que os poucos que leem o que escrevo realmente são preenchidos e isso já o suficiente para mim.



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Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.

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