Pra onde vão nossos fracassos?

Mostramos com orgulho nossos troféus, contamos com entusiasmo sobre a promoção que tivemos no trabalho, exibimos nossa nota máxima naquela prova, expomos empolgados nossas conquistas amorosas, falamos do nosso sucesso. Mas, e sobre os nossos fracassos, temos falado?

E mais do que isso, temos nos permitido vivê-los como uma experiência que faz parte de um processo de aprendizado? Difícil. O fracasso não tem vez. Não queremos mostrar nosso lado mais frágil, mais vulnerável, não queremos lembrar que já fizemos diversas tentativas mal sucedidas, não queremos reconhecer que até chegar no primeiro degrau, fomos muitas vezes aqueles que ficaram nos últimos.

Nosso ego clama pela aprovação alheia, temos necessidade de mostrar aos outros e a nós mesmos o quanto somos bons naquilo que fazemos, o quanto somos competentes, o quanto somos capazes de ir além. É ótimo quando isso acontece, mas nem sempre será assim, portanto, aprender a lidar com nossos insucessos é necessário. Ninguém chega no topo sem ter passado por diversas situações de falhas, de quedas, de situações que saíram fora do seu controle, ninguém chega a vencer sem antes ter lidado com diversas derrotas. Se é algo tão comum, por que temos tanta dificuldade para falar sobre isso? Porque falar de fracasso incomoda, toca nas nossas feridas, mostra nossas fragilidades.

Falar de fracasso nos põe frente a frente com a nossa vulnerabilidade, com a falta de controle que temos sobre a nossa própria vida. Falar de fracasso abre portas para sermos julgados, condenados. Falar de fracasso nos expõe ao medo que temos de que o outro nos ame apenas pelas nossas conquistas, que o outro nos ame apenas enquanto estamos ocupando o lugar mais alto do pódio. Seres humanos, inseguros que somos, carentes da aprovação alheia, esquecemos que nossos maiores aprendizados vieram no decorrer do processo e não só na vitória em si. Vamos falar de fracasso sim, vamos expor nossa decepção, vamos mostrar nosso descontentamento, vamos lembrar das nossas quedas.

Continuaremos sendo amados, quem nos ama nos quer inteiros, quer ver todas as nossas faces, quem nos ama não se importa com a posição que ocupamos, quem nos ama conhece as nossas lutas e não menospreza as nossas quedas. E assim, bonito é quando a gente pode ser a gente, quando a gente se olha com carinho, quando a gente é tolerante com as nossas falhas, quando a gente é flexível com as nossas escolhas, quando a gente é acolhido nas nossas derrotas, quando a gente consegue comemorar as vitórias lembrando de cada passo dado até ali. Ainda vamos cair muitas vezes, ainda iremos falhar outras tantas e a vida vai continuar seguindo.

Às vezes o caminho será reto, às vezes cheio de curvas, vai ter subidas e inúmeras descidas, vai ter tombos e vai ter sorrisos, vai ter passos largos e paradas pra descansar… O caminho é nosso e só nós sabemos o quanto nos custa caminhar.



LIVRO NOVO



"Psicóloga de vez em sempre, organizada de vez em nunca. Escreve sobre coisas aleatórias e em momentos mais aleatórios ainda. Tem mania de observar tudo ao seu redor, mas tem opinião formada sobre bem poucas coisas. Aprendiz na arte de encerrar ciclos e de se abrir para novas experiências. Acredita em Deus e nas pessoas. Gosta muito do mar, de sol, da família, dos amigos. Corre, malha, faz trilha, come e bebe quando tem vontade. Sensível e durona, teimosa e manhosa: HUMANA.

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