Para chegar à fonte é preciso nadar contra a corrente

Esses dias li uma frase magnífica e extremamente profunda após ouvir um dos comentários do filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella pela Rádio CBN. Era uma frase atribuída ao importante poeta polonês chamado Stanisław Jerzy Lec que falava sobre a necessidade de gastarmos uma maior quantidade de energia para solucionarmos as grandes dificuldades da vida.

A frase era a seguinte: “Para chegar à fonte é preciso nadar contra a corrente”.

Apenas 10 palavras, mas que carregam uma profundidade imensa de reflexões. Com essa frase o Jerzy Lec está querendo nos dizer que para se chegar à essa fonte, que é de onde surge a água que vai ganhando força à medida que desce até encontrar o mar, precisamos de um dispêndio bem maior de energia do que simplesmente se deixar levar pela correnteza, que sem esforço algum, nos levará até o mar.

Como eu sou um amante da Psicologia e da Psicanálise, pensei no quanto essa frase pode se aplicar ao surgimento das nossas neuroses, medos, traumas e doenças.

Imagine que essa fonte seja a sua INFÂNCIA. Lá é a sua fonte! Foi nessa época que as primeiras recordações e experiências negativas começaram a ser arquivadas na sua memória e no seu inconsciente.

Sabemos muito bem o quanto é difícil, já na vida adulta, lembrar de acontecimentos ocorridos na infância, principalmente nos primeiros anos. O nosso psiquismo emprega uma série de mecanismos que dificultam essa lembrança, que são os famosos mecanismos de defesa, recalques e repressões.

Se quisermos nos curar de uma forma integral de mazelas e dificuldades na vida que carregamos até hoje, não tem outro jeito, é preciso ir fundo no inconsciente, resgatar as memórias e vivências lá do passado, para compreender onde foi que começaram a surgir os nós que estão atravancando a vida atualmente.

Esse é o processo terapêutico, no qual precisamos nadar contra essa maré para se chegar até a fonte. Não é incrível essa comparação?

Vou ser bem direto e contar a realidade da maior parte das pessoas em seus processos terapêuticos. A grande maioria nem sequer procura auxílio de um psicólogo ou psicanalista, e os motivos variam tanto que se fosse enumerar, esse texto viraria um catálogo, mas eu acredito que entre os principais motivos de as pessoas buscarem pouco é o preço das consultas e o orgulho, porque infelizmente, muitos só admitem que precisam de ajuda depois que as situações degringolaram de um jeito que não resta mais nenhuma outra saída a não ser a pessoa dizer: “Eu me rendo!”.

Você que me lê agora, que tal ser diferente? Que tal fazer diferente?

Outra metáfora incrível contida nessa mesma frase tem relação com a força da correnteza. Pense comigo! Na fonte, qual é a força que a água possui? Praticamente nenhuma não é mesmo? Mas depois que ela ganha força, volume e velocidade e já está se aproximando do mar ou de uma queda d’agua, não tem quem segure.

Ou seja, se você vai até a fonte, mesmo que tenha dispendido muito energia remando contra a maré, ela não terá essa força para lhe impedir de resolver seus problemas, porque você já atravessou o mais difícil, que foi o remar contra a maré, entende?

Falo isso principalmente para aquelas pessoas que dizem: “Meu Deus! Meus problemas nunca vão se resolver…”. Sabe o que é isso? DRAMA! Exatamente! Nosso problemas sempre acabam sendo resolvidos, mais cedo ou mais tarde, de uma forma simples, razoável ou algumas vezes catastrófica, mas são resolvidos!

Com esse texto quero lhe incentivar a resolver seus problemas e conflitos de uma forma mais simples, que é sendo humilde e buscando as inúmeras formas de ajudas e terapias!

Você sabia que nas grandes cidades existe acompanhamento com psicólogos gratuitamente? Sabe onde eles estão? Nas clínicas psicológicas conveniadas às faculdades e universidades.

Os concludentes do curso estagiam gratuitamente atendendo à comunidade, e vou falar uma coisa sem medo de errar! Você sabia que muitos desses jovens são profissionais mais qualificados do que os psicólogos com anos e anos de experiência? Porque eles estão com um desejo genuíno de ajudarem os pacientes e darem o melhor de si, enquanto muitos com experiência já nem tem desejo de se reciclarem e mais importante ainda, eles próprios não fazem mais terapia! O que praticamente carimba a desqualificação!

Há muito mais a ser falado sobre essa linda frase do Jerzy Lec. Mas deixarei as reflexões com você, juntamente com o comentário conciso e profundo do Mario Sergio Cortella para a rádio CBN.



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Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor de Física e Matemática, mas não deixa de alimentar o seu lado das Humanas estudando a mente humana e seus mistérios, ouvindo seus pacientes e compartilhando conhecimentos em seu blog "Para além do agora", no qual escreve desde 2012.

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