Marcel Camargo

Ame sua própria companhia, todas as outras são temporárias

Existe uma linha, por vezes tênue, que separa o sentimento de solidão da situação de estar sozinho. O que nos torna solitários pode ser nossa própria vontade, nossa necessidade de nos retirarmos do burburinho que pode incomodar. Já a solidão é um sentimento melancólico e que incomoda quem não quer ficar sozinho de jeito nenhum.

Nem todo mundo que está sozinho sente solidão e nem todo mundo que está acompanhado foge dela, simplesmente porque se trata de algo íntimo, subjetivo, dependendo do que cada um sente dentro de si. Podemos, por exemplo, estar nos sentindo vazios e afastados do mundo, mesmo quando temos um companheiro ou nos encontramos em meio a muitas pessoas. A solidão vem lá de dentro.

Da mesma forma, apreciar a companhia de si mesmo, gostar de estar sozinho, apreciando tudo o que somos e temos por nós mesmos, sem dramas ou tristezas, é o que chamamos de solitude, que ocorre quando somos a nossa própria companhia, uma companhia gostosa e que basta. Solitude tem a ver com amor-próprio, com aceitação de si mesmo, com entendimento de toda luz e de toda escuridão que há dentro de si, lidando com isso sem se machucar nem machucar ninguém.

Fato é que muitas pessoas acabarão indo embora de nossas vidas, uma ou outra hora, por vontade própria, pelas distâncias que a vida traz, por causas diversas. Inevitavelmente, todos nos veremos sozinhos e solitários, em alguns momentos de nossas vidas, mesmo quando menos esperarmos, ainda que contra os nossos desejos. Nessas horas, teremos somente a nós próprios para atravessarmos a escuridão avassaladora dos caminhos tortuosos que se descortinarão à nossa frente.

Por isso, é preciso que aprendamos a apreciar a nossa própria companhia, a escutar o nosso coração, a entender os sentimentos que preenchem a nossa alma, pois lidar com as repetidas ausências alheias sempre será uma luta individual, íntima e pessoal. Se estivermos de bem com o que temos dentro de nós, será mais fácil conseguir superar os vazios afetivos que vêm ao nosso encontro quando em vez. É assim que a gente se sente bem, com alguém ou sem ninguém além de nosso eu verdadeiro e feliz, apesar de tudo.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Italiano de 99 anos pede divórcio após descobrir caso de esposa em 1940

Após uma vida inteira de casamento, Antonio C., um italiano de 99 anos, decidiu tomar…

2 horas ago

Menina de 6 anos é operada e recebe pinos em perna errada na Paraíba

Uma situação angustiante abalou o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande na noite…

2 horas ago

Anderson Leonardo, do Molejo, falece após luta contra câncer inguinal. Entenda a doença rara

O mundo da música brasileira está de luto com o falecimento de Anderson Leonardo, aos…

3 dias ago

Mãe e sua filha chamam a atenção por morar há três meses no McDonald’s do Leblon

Há quase três meses, a rotina incomum de duas mulheres tem chamado a atenção na…

3 dias ago

Gato usa parque aquático canino para fazer natação e emagrecer

No abrigo Vanderburgh Humane Society, em Indiana, nos Estados Unidos, uma história peculiar ganha destaque:…

4 dias ago

Linn da Quebrada anuncia pausa na carreira para tratar depressão: “É necessário parar, respirar e cuidar”

A renomada cantora e ex-participante do reality show Big Brother Brasil, Linn da Quebrada, revelou…

6 dias ago