A ansiedade da espera e a recompensa do encontro.

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca há hora de preparar o coração…” (Exupéry)

Acredito que muitos conheçam essa citação do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. E que muitos já tenham passado, em algum momento, por uma situação de impaciência na qual tenha de identificado com esse trecho, principalmente no que diz respeito aos sentimentos como amor e paixão. Creio que muitas pessoas tenham se emocionado bastante ao ler a história do pequeno príncipe, que com profundidade tocou o coração de adultos e crianças. Talvez eu tenha um motivo especial para falar sobre um príncipe apaixonado pela sua Rosa, principalmente porque acredito que muitos tenham uma Rosa que mereça um carinho especial.

É engraçado que, ao criarmos laços com alguém, se torna extremamente importante que haja uma perspectiva diferenciada daquilo que vivemos num determinado momento. Porque tudo passa a ter um toque especial. Um encontro marcado, por exemplo, passa a ser um espera cruel, porque o tempo ideal para o amor seria o “agora”. Como um café recém-preparado, para que possamos degustar o seu sabor. Há uma experiência muito interessante, quando se trata de paciência. Há um compromisso, um ato de respeito ao próximo, que passa certa credibilidade àqueles aos quais amamos, pois alguns valores transcendem aquilo que esperamos. Isso é o que faz com que o tempo seja diferente em alguns aspectos. Depois de tantas buscas, talvez encontremos a razão para o que podemos chamar de “impaciência amorosa”. Talvez os encontros e desencontros possam, com o tempo, revelar a mais sincera intenção dessas almas inquietas, o que fará com que se sintam mais confortáveis. Embora não seja possível prever algo que venha de corações ansiosos, pois o máximo que podemos dizer é que um dia, já sentimos isso na própria pele. E quem nunca se sentiu desconfortável, ao se deparar com um tempo de espera para ir a algum encontro? Bem, o que quero dizer é que, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que nós desprezamos, ainda estaremos ligados de alguma forma, àquilo que esperamos para nos trazer logo a esperada alegria, ou pelo menos continuaremos empenhados em prosseguir nessa busca, e isso é que nos traz a ansiedade. Tenho por certo que todos nós gostaríamos de ter o poder de controlar o tempo. Entretanto a dinâmica da vida carrega consigo a beleza da espera. Isso é o que nos dá a força exata que necessitamos para recomeçar, e nada tem o poder de mudar o nosso desejo de descobrir o que o tempo tem reservado para nós, mesmo diante da possibilidade de que tenhamos as nossas expectativas frustradas, porque o tempo se encarrega de consertar aquilo que resta na estação favorita da nossa alma. Seja lá qual for.

Quando enfim, a ansiedade que torna tão amarga a espera, e tão doce a esperança, se portar como uma virgem que compartilha sonhos virá então, com certeza, a esperada recompensa… Quando surgir, de todos os lados, o brilho da felicidade, seguida de cores que ninguém jamais poderá apagar. Ademais, nada há de se fazer contra a ansiedade, pois sabe-se que na vida, toda resposta vem no momento certo, mesmo que não tenhamos preparado o nosso coração.

Imagem de capa Mirelle, Shutterstock



LIVRO NOVO



Jorge Amaral, brasileiro, natural de Ataléia/MG. Colunista e escritor semi-profissional. Livro publicado – PALAVRA É ARTE – Coletânea com outros autores. Escrevo porque considero a minha vida como uma eterna poesia, porque me perco na escrita e me encontro na leitura.

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