Sinto que talvez eu nunca mais a veja

Sinto que talvez eu nunca mais a veja. Enlouqueço de pensar que não terei teus beijos. Sinto fome de lembrar que não terei tua carne. Sinto falta de saber, que posso nunca mais ser, a fonte dos teus desejos. Sinto que muitas vezes apareces, em forma de pensamento, saudade ou canção, sinto que caio num grande alçapão, quando não são atendidas – as minhas mais sinceras preces. Tenho vontade de partir, mas não tenho para onde ir. Tenho vontade de te ver, mas confesso que não saberia o que dizer. Tenho vontade de chorar e, sempre que penso em te ligar, desisto antes de fazer.

Busco no fundo do peito, algo que me traga paz. Busco uma lembrança feliz, do bem que o teu sorriso me faz. Tento muitas vezes ouvir, tudo o que já não posso sentir, mas que a tua presença ainda me traz. Canto baixinho a tua música favorita. Ouço você a cantar ao meu lado. Abro os olhos e não estás por perto. Sinto que o mundo inteiro está calado. Penso em tocar a tua campainha, em clamar na calçada, em bater na janela. Penso em gritar toda a dor do meu peito, em fazer um poema e pintar uma tela. Em chamar a tua atenção, em pedir – nem que seja – um aperto de mão, em jurar fidelidade, paciência e amizade, para que nunca falte tempo e para que nunca precisemos sentir saudade.

Se sinto a tua falta, é que te quero bem, bem perto do meu corpo, e do de mais ninguém. Se busco os teus abraços, é que eles importam, pois quando chega o sono, só eles me confortam. Se chamo o teu nome, é que me acostumei, a dizer diariamente, o nome que tanto chamei. Se não consigo dormir, é que não estás aqui, para deitar no meu colo e me fazer sorrir. Não passo mais na tua rua, com medo de não suportar, a saudade mais crua da vontade de contigo estar. Não telefono mais, pois sei que gaguejarei e, não quero parecer nervoso, diante de quem tanto amei.

Ah, deixei seus olhares na esquina de lá. Deixei meus sapatos pra terra comer. Pisei no estilhaço que você deixou, aqui.

Imagem de capa: Pressmaster, Shutterstock



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Fellipo Rocha é poeterapeuta, músico e idealizador da página Corpoesia. Além disso, escreve pelos sorrisos que perde, todas as vezes em que não sai de casa.

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