Eu não escolhi esperar

Eu não escolhi esperar. Escolhi viver intensamente; escolhi doar-me como, quando, onde e para quem eu quiser; escolhi pensar no amanhã sem sacrificar o hoje – já que, na incerteza de um futuro que eu tenha ao menos um inesquecível presente, para, quem sabe um saudoso passado; escolhi ter e proporcionar indescritíveis orgasmos – porque escolhi enxergar o sexo como parte da vida, não só como um instrumento de sua concepção.

Acredito que temos, diariamente, inúmeras chances de conhecer alguém compatível com as nossas aspirações. Acredito, também, que podemos passar uma vida inteira com a mesma pessoa, entretanto, se não der certo, quem garante que não poderá funcionar com outro alguém? Para mim, alma gêmea é todo e qualquer amor compatível e, que eu não pareça menos romântico por isso, mas, compatibilidade não é um tesouro perdido, podemos sim encontrá-la se nos dispusermos. Pensando assim, entrego-me a cada amor como se fosse o único, o último, o certo; sabendo eu que, se esse não for, será o próximo, ou o próximo, ou o próximo. Tentar é a única forma de chegarmos, ao menos, perto do que procuramos. Penso no sexo como um dos pilares fundamentais de um relacionamento amoroso e, obviamente, ambas as partes devem estar em comum acordo quanto à sua prática.

O que não consigo conceber é, pensando no sexo com tal importância, que uma união – teoricamente – duradoura como o casamento, seja consumada sem, perdoem-me a expressão, um test drive. E se, imaginem só, depois da cerimônia, dos documentos devidamente assinados, durante a lua de mel em Fernando de Noronha o casal descobre que o sexo não funciona? O jeito será visitar os golfinhos. O que quero dizer é que, não consigo enxergar um relacionamento saudável, feliz e duradouro, se o sexo for medíocre. A não ser, é claro, que seja uma escolha do casal utilizar o sexo apenas como método reprodutivo. Neste caso, prefiro não opinar. No sexo, o amor é a cereja do bolo e, não posso enumerar quanta expectativa depositei em amores que acabaram revelando-se falsos, ou, verdadeiras cerejas feitas de chuchu, então, não deixo de provar o bolo se ele não tiver cereja, nem, tampouco, deixo de provar a cereja com receio de deparar-me com chuchu. Eu escolhi procurar.

Imagem de capa: KIRAYONAK YULIYA, Shutterstock



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Fellipo Rocha é poeterapeuta, músico e idealizador da página Corpoesia. Além disso, escreve pelos sorrisos que perde, todas as vezes em que não sai de casa.

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