Eu te quero, mas na boa? Foge de mim

Se eu fosse você, eu fugia. Na boa mesmo, conselho de amiga. Eu sei que estou emocionalmente envolvida e você também parece estar, mas, honestamente? Foge. Sério mesmo. É melhor fugir enquanto a gente está nutrindo esse sentimento bom, sabe? Ir embora com aquele gostinho de coisa boa na boca, com as memórias mais lindas e a trilha sonora mais gostosinha. Ir embora com o coração cheio de felicidade, com riso dançando frouxo e os olhinhos brilhando.

Eu tentei fugir, mas não dá certo fugir enquanto você me segura. Eu preciso que você fuja comigo – de mim. Lados opostos. Uma corrida insana e desesperada, como se a vida dependesse disso. Talvez a vida dependa mesmo disso, então foge. Vai procurar outra história para chamar de sua, que eu vou traçar outra trilha para mim, longe dos teus olhos bonitos e do toque certeiro.

Por que estou te dizendo isso? Por que eu sei que vai machucar, cedo ou tarde. Eu sei que a gente vai se desentender e não vai ter conserto, aí iremos embora com um gosto amargo, memórias traiçoeiras, músicas odiadas e saudade de tempo bom. Melhor ficar só com o tempo bom, saca? Evitar destruir nosso conto de fadas com farpas e raivas e ódios que, por ventura, podem vir a acontecer.

Eu poderia pagar para ver? Poderia. Mas a intuição grita do lado de cá, desde que esbarrei minha história na tua, implorando para partir enquanto está tudo bom, enquanto está tudo bem. A intuição me diz que somos instantes, não presença constante. Nascemos para ser um suspiro bom. Uma enlaço gostoso. Uma lembrança dessas bem bonitas, tatuadas na memória e relembradas diariamente, quase que todo tempo, toda hora.

Na boa? Foge. Fugimos. Carregamos na bagagem nossa história linda, cada um com a sua. Levo teu sorriso pra guardar na estante, deixo meu sorriso por dias melhores. Mas foge. Antes que a rotina chegue, antes que o furacão dos destrua, antes que não sobre trilha sonora e boa memória. Antes que a saudade vire amargura. Antes que seja desventura. Antes que não sobre mais eu e você para relembrar uns dias bonitos, quando tudo era blues e sorrisos e descobertas.

Foge. Fugimos. Desfazemos laço para não deixar de ser nós.

Imagem de capa: Evgeniy Zhukov, Shutterstock



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Engenheira, blogueira, escritora e romântica incorrigível. É geminiana, exagerada e curiosa. Sonha abraçar o mundo e se espalhar por aí. Nascida e crescida no litoral catarinense, não nega a paixão pela praia, pelo sol e frutos do mar.

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