Julia Guglinski

Cães Terapeutas não só tranquilizam, como podem recuperar alguns pacientes.

Com a crescente demanda do mercado pet, percebemos a total ascensão dos cães em nossas vidas. Eles estão por toda parte, estampando, com suas expressões inteligentes, os diversos produtos disponibilizados pelos Pet Shops, protagonizando as mídias virtuais e até comerciais de margarina. Existem mais cachorros dentro das casas com seus humanos do que crianças, revelam as recentes estatísticas. Nesse universo, com um acervo de nichos, o “garimpo” nos abre um leque de temas e o assunto de hoje não somente é encantador, como de sutil relevância.

Antigamente, ouvia-se falar dos Cães Terapeutas, embora soubessem pouco sobre eles, pequenas linhas sobre suas habilidades em auxiliar os voluntários, tranquilizar pacientes em hospitais e levar um pouco de alegria e esperança até os asilos e creches. Mas será que as pessoas se dão conta do trabalho maravilhoso por trás desses incríveis animais? Um cão apto para esta finalidade deve proceder de uma linhagem genética rigorosamente selecionada; imprescindível que passem por um processo de socialização desde filhotes, para que tolerem qualquer tipo de situações e imprevistos.

São condicionados a estar em equilíbrio junto a outros cães, outras espécies de animais, crianças, idosos, pessoas de outras etnias, para que conheçam e se sintam à vontade sob qualquer circunstância. Esses cães não podem, em hipótese alguma, ter um histórico de agressividade, instabilidade comportamental ou qualquer resistência ao manuseio e controle. Precisam possuir um caráter, temperamento e comportamento impecáveis. Profissionais da área comportamental e de treinamento aplicam, em conjunto com a socialização, o que chamam de comandos básicos, sendo eles o “senta, deita, junto, fica e aqui”. Essas cinco ordens são essenciais para que o cão seja controlado e manuseado calma e assertivamente, afinal, os pacientes também irão conduzi-los e tocá-los. Animais medrosos não passam pelo crivo, pois a agressividade gerada pelo medo ou insegurança também podem causar estragos.

Esse processo de treinos costuma levar um ano, tempo suficiente para que o animal esteja preparado. Pesquisas apontam relatos de médicos, psicólogos e fisioterapeutas comprovando melhoras nos quadros dos enfermos, atribuindo alguns méritos aos cães, por apresentarem uma incrível intuição, poder de detecção para algumas doenças e naturalmente dissiparem mal estar e depressão em pessoas com problemas inclusive graves. Foi observado que, onde o animal deita a cabeça ou lambe no corpo de uma pessoa, este lugar precisa de maior atenção. Eles pressentem através do suor, da tensão, da ansiedade e de partículas minúsculas, as necessidades de cuidados daquele local específico.

Cães já estão sendo treinados rigorosamente para identificar diabetes, ataques epiléticos, convulsões, infartos e avisar os tutores antes mesmo das crises, apertando com a boca objetos que emitem barulhos acoplados no pescoço. Incrivelmente, já temos animais que descobrem tumores através do odor da urina. Certamente, o mundo agradece diariamente por nos conceder a dádiva da convivência com esses fabulosos canídeos. Eles são uma das chaves para a busca pelas curas, deixando de participar apenas como cobaias e passando a caminhar lado ao lado com a humanidade.

Imagem de capa:  Christin Lola/shutterstock

Júlia Guglinski

Treinadora e comportamentalista de cães. Atriz de teatro, cantora e compositora.

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Júlia Guglinski

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