Sobre o fim de nós dois

Não é culpa sua, nem minha. Foi o tempo que desfez o percurso e atirou cada um para um lado da ponte. Entenda, por favor, não há nada de errado com você, nem comigo. A gente junto é que não brilha mais.

Sabe, você foi o amor da minha vida, desses que a gente não encontra em qualquer esquina. Você foi um sonho antigo, um lindo sonho vivido. O que levo de nós? As noites que passamos entrelaçados, os pedidos, as promessas, o amor dividido.

O amor não acabou, mas mudou de cor. Até parece mais bonito! Acredite, é tempo de seguir em frente, refazer o caminho, recomeçar sozinho. Na mala, em todas as malas de nós dois, carrego apenas o leve da vida.

Não culpe a rotina, nem as feridas, nem as marcas profundas de quem feriu sem perceber, de quem foi ferido sem querer. Na bagagem do amor que tivemos, ainda que rasgada pelo mau uso, só há afeto e perdão.

Se o que fomos não deu conta de ser o que nos tornamos, precisamos apenas ser o que somos. Você me entende? Toda vez que você vira metade para deixar alguém completo, toda a santa vez que você faz isso, está deixando para trás uma parte de si.

Há de se poder ser inteiro para que outro inteiro se encaixe. Metade com metade não é inteiro, é só metade. E de metades o mundo está cheio. Por isso, e por uma porção de outros motivos, não posso fazer mais nada por nós, exceto deixar você partir.

Sem amargura, por favor. Leve a força do meu amor genuíno e deixe comigo o carinho do seu sorriso. Com o tempo, e a gente sabe que ele passa voando, lembraremos de tudo sem saudade do que não foi.

Nosso amor mudou de cor, está azulzinho feito um céu aberto, limpo, sem nuvens. Acabou a chuva, amor! A tempestade se foi. Agora, sem pressa, abra a janela e deixe o sol entrar de novo.

Vá ser feliz outra vez, e dessa vez, ame como se não houvesse amanhã. Afinal, como diz a canção, na verdade não há. E se houver, amor, você vai acordar certo de que amou tudo o que podia e poderá amar ainda melhor no outro dia.

Imagem de capa: Syda Productions, Shutterstock



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Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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