Goste-se MAIS. O resto é o de menos.

Imagem de capa: Mila Supinskaya Glashchenko, Shutterstock

“Amável”. Aquele que se faz digno de receber amor. Funciona assim: água potável a gente bebe, letra legível a gente lê, dia memorável a gente lembra. E gente amável a gente ama. São as pessoas que se prestam ao sentimento amoroso do outro. Amáveis. Esses seres estranhos que nos dão motivos para sentir amor.

Você sabe. Amar não é coisa que a gente faz assim, à toa, sem mais nem menos. Ninguém ama do nada. A gente ama porque alguém, mesmo sem se dar conta, nos abre caminhos para o amor. Ora são razões pequeninas, invisíveis a olho nu. Ora são incentivos imensos, escandalosos, irrecusáveis. Mas não tem jeito. Há sempre uma causa de amor ali. Escancarada ou escondidinha, ela sempre está ali.

Não, eu não me refiro aos bajuladores, autocomplacentes, ególatras, falsos gentis, hipócritas, dissimulados e canastrões de toda sorte que estouram em qualquer canto gritando “gostem de mim! Gostem de mim!” Não. Eu me refiro a pessoas amáveis. Aquelas que fazem por merecer amor.

É certo que o verdadeiro ser amável quase nunca percebe o seu ofício encantador de sair pela vida distribuindo fundamentos para que o outro lhe queira bem. Ele simplesmente vai por aí sendo o que é: um ser humano bom. Sem mais. Não tem a intenção descarada de que alguém lhe dê amor. Não impõe amor ou exige amor em troca. Porque amor ele já tem. Ele já se ama. Ele se ama como quem respira, como quem vive. Então dá na gente uma vontade poderosa de amar também. Gente amável é assim. Provoca amor nos outros.

Exceto os masoquistas, os perversos e os mal intencionados de todo tipo, não há quem ame tendo mais motivos para não amar. E não há quem ame sem razão nenhuma. Vez ou outra, a gente não encontra ou então desconhece as razões do amor. Mas isso não significa que elas não existam. Elas estão lá, em algum lugar, germinando amor na gente. Agora, cá entre nós, despertar amor no outro é coisa de quem tem amor em seu “lá dentro”.

Não há cristo que vá gostar de nós se nós mesmos não nos fizermos amar. Sejamos amáveis, pois. Conosco e com o outro. De toda pessoa boa, o mínimo que se espera é que ela dê ao mundo motivos para ser amada. Isto não é querer demais, não. Nem é pretender “ser legal” com toda gente. É ser alguém decente. Abrir o coração e se dispor a amar o outro como a si mesmo.

Já viu quanta gente por aí pedindo “mais amor, por favor” e, ao mesmo tempo, se comportando de um jeito odioso consigo mesma e com os outros? Aí não dá.

Ser amável não é a coisa mais fácil do mundo. Dá trabalho. É peleja de todo dia. Requer paciência, tolerância, humildade. Tem sempre alguém tentando fazer o ser amável sair do rumo. Sempre um espírito de porco manufaturando ódio em fabriquetas de fundo de quintal ou em imensas linhas de produção. Mas é preciso coragem. O amor é para quem tem peito!

Uns vão nos amar em troca. Outros vão nos lançar seu ódio assim, no colo. E nós decidiremos entre tomar esse ódio nos braços ou deixá-lo cair e morrer à míngua. Porque não importa a sanha odiosa e pequena do outro: façamos a nossa parte! Primeiro a gente se ama, depois deixa que o outro nos ame ou nos odeie. E isso é tudo!

Quanto mais a gente se gosta, mais atrai quem nos goste, mais repele quem nos odeia e mais aprende a gostar do outro. Quem se ama com honestidade produz tanto amor em seu lá dentro que precisa dividir com alguém. Então, gostemo-nos mais. O resto, todo resto é o de menos. A gente precisa é de mais amor próprio. E isso é muito, muito diferente de ser tão somente egoísta. É estar disposto a ser alguém capaz de dar e receber amor.



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Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

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