Entre o arrepio na alma e o arrepio na pele…escolha os dois!

Imagem de capa: fototip, Shutterstock

E de repente você se vê diante de um desalinho na pretensa organização que ansiava para sua vida. Imprevistos. Esses meninos travessos que reviram tudo e trocam tudo de lugar. Fizeram de seus planos algo que não se tornará algo concreto, ou lógico. Assim, o obrigaram a buscar dentro de si uma outra rota, um caminho novo, um desvio.

Desvios são uma espécie de segunda chance, uma oportunidade de se reinventar, um ensejo para encontrar em nossos cantinhos guardados algo que nos faça sentir um arrepio na alma. Arrepios na alma são momentos raros que nos conectam diretamente aos nossos desejos, sejam reconhecidos ou absolutamente surpreendentes.

Viver sem arrepios na alma é como passar a não sentir mais o sabor, o cheiro, a textura, o som das coisas, tudo ao mesmo tempo. É como não ser mais capaz de se entregar à excitação de um prazer antecipado, daqueles que a gente consegue sentir em ondas quando está prestes a nos encontrar.

É desse prazer que a gente precisa, seja numa experiência física, afetiva ou espiritual. A falta desse prazer vai nos deixando refratários à alegria e íntimos da melancolia. Passamos a funcionar como bonequinhos de corda, só que movidos por expectativas vazias em nome do alcance de uma felicidade plástica, reproduzida, artificial.

Expectativa é uma coisinha traiçoeira que deixa a gente com uma sede específica de uma coisa idealizada, sem a qual temos a absoluta certeza de que morreremos de sede. Corremos o risco de cultivar um ardor crônico na garganta, afixados numa teimosia de não ver nada além daquele idílico devaneio.

O que não sabíamos (porque esse tipo de coisa ninguém conta mesmo!), é que estar nu de expectativas é uma das experiências mais libertadoras que podemos provar. Ver cair ao chão uma armadura pesada e rígida, para ensaiar uns passos insolentes na direção de algo cujo resultado é absolutamente imprevisível, é abrir espaço para o improvável… o delicioso improvável.

E não há nada mais belo que uma alma que se arrepia de prazer, morando dentro de um corpo que experimenta a mesma sensação. Reconhecimento. Entrega. Comunhão. A pele arrepiada nos faz lembrar sabores doces, intrigantes, desafiadores. Fechemos os olhos para esperar que a onda nos atinja, até que a gente se dissolva feito espuma. Uma vez experimentada essa catarse de emoções, não haverá mais lugar para almas quietinhas, doces, obedientes. Por isso, entre o arrepio na alma e o arrepio na pele… escolha os dois!



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"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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