Sorrir pelo que um dia te fez chorar é um prazer que não tem preço

Imagem de capa: re_bekka, Shutterstock

A sua vida ficou marcada por muitos momentos, como aqueles em que você sentiu amargura ou aqueles que lhe trouxeram decepções que você não esperava. Momentos relacionados com as circunstâncias, mas também com pessoas, que foram capazes de trocar de relacionamento em menos tempo do que o ponteiro dos segundos demora para se repetir. Fizeram isto sem medir formas nem consequências, enquanto nós procuramos ter todo o cuidado do mundo.

Pessoas que inclusive aproveitaram os seus momentos de reflexão para lhe cravar pequenas punhaladas pelas costas. Depois foi você que teve que sofrer todos os danos, mesmo tentando minimizá-los, e a outra pessoa aproveitou este espaço de reflexão para acabar com tudo. Foi você que teve que carregar a “raiva” de se sentir o idiota, de comprovar como ao querer proteger os dois, foi o único que saiu ferido.

Você tem todo o direito de sentir isso. Pode perfeitamente viver com isso, mas não sabe quando irá passar completamente. De repente, em um dia precedido de tantos outros e sem perceber, chega a hora esperada em que você pensa: “Ainda bem que me livrei, graças a Deus”.

Detenha-se porque este é um momento “especial”: adeus à ira, que entre a indiferença e que seja bem-vindo o humor. Esse sorriso de alívio ao perceber do que você se livrou é altamente valorizado na bolsa da sua saúde psicológica. Para saboreá-lo, antes você teve que agir de forma limpa, ser ferido, e então talvez guardar rancor durante um certo tempo.

Você passou pelo que era necessário, esse era o décimo da loteria que você jogou como qualquer um que se atreve a jogar e também a perder. Nesse sorriso solitário ou acompanhado está o maior prêmio.

Nossas decepções na vida, nossos “detox” futuros

Administrar uma decepção ou uma traição não é fácil. Também não é fácil estar preso em uma rotatória que sempre o leva às mesmas discussões. Prolongar um mal-estar por hábito, por piedade, é entrar em um ciclo de estresse sem fim. Não existe ninguém tóxico “per se”; isso é falso. Existem relacionamentos que são ou que se transformam nisso. Identificá-los e acabar com eles não é tarefa fácil, principalmente se você pretende fazê-lo como uma pessoa madura.

Querer fazer as coisas bem na vida diz muito de nós mesmos. Acabar com casamentos de 40 anos, amizades de infância, ou deixar a sua primeira oportunidade profissional, que faz tempo deixou de ser oportunidade para se transformar em castigo, são montanhas difíceis de subir.

Contudo, existem pessoas que não se dão nem ao trabalho de fazê-lo com cuidado e se colocam na dianteira, traindo de uma forma vil, grosseira e covarde. Nunca se sinta ridículo por ter desejado fazer as coisas direito, por não jogar sujo. Você sentirá ira, mas deixe que flua.

Todas as decepções se transformarão em um “detox” futuro. Ao próximo sinal de desgaste, sem mais rodeios. Chega de relacionamentos inócuos prolongados. Você não vai querer fazer tudo tão certo para fazê-lo do melhor jeito possível: indiferença absoluta.

Depois da ira, a indiferença. Por fim, o sorriso

O que acontecer com a evolução dos outros não é problema seu, pois até as pessoas mais impiedosas podem vir a ter sorte na vida. Pense onde você está com relação ao que você quer ser, e reconheça o valor de se manter nesse caminho diante da tentação em que outros caíram. Este, e não outro, é o melhor ponto de referência para que, apesar das decepções, você não abandone a sua sensibilidade nas despedidas que são necessárias.

Não vamos negar que é um processo duro se desvincular sucessivamente de certas pessoas e hábitos ao longo da vida. Você pode achar que perde a sua identidade e cada pancada parecerá um poço sem fundo. Não sabemos se na verdade estamos mudando para o bem ou para o mal até que um dia qualquer começamos a lembrar o que nos massacrou emocionalmente de um jeito diferente.

Não nos sentimos estranhos com relação a nós mesmos. Olhamos para nossas mãos, sentimos o peso de nossas pernas e ganhamos consciência da nossa presença. Inclusive sem pedir ajuda e sem que ninguém nos preste ajuda, continuamos de pé. Entendemos que na leveza do ser está toda a nossa potencialidade de estar presentes de verdade.

Não precisamos do visto de ninguém. Dá na mesma ser perdedores aos olhos dos outros. Já ganhamos a batalha que só poderia se vencer de forma interna. Começamos a rir, sozinhos ou acompanhados. Acima da raiva, sentimos esse orgulho de ter agido de cara e em sintonia com a pessoa que somos.

O sorriso verdadeiro só se desenha quando faz você se sentir em paz consigo mesmo, apesar das circunstâncias serem difíceis e de existir o perigo de você ser traído, como finalmente acabou acontecendo. Agora, o seu sorriso é esse eco porque, embora um dia alguém o tenha decepcionado, você não fez o mesmo consigo.

Você já sabe como funciona o processo e isso tem muito valor. Quem ri por último ri melhor porque não ri de ninguém. Contempla de longe como os que causam mal se aprofundam mais, quase sem oxigênio, na escuridão que eles mesmos invocaram.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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