A flor mais bela de todas é a sinceridade

Imagem de capa: Kamikam, Shutterstock

As pessoas que praticam a sinceridade são francas, são genuínas e desfrutam da felicidade que resulta da coerência entre os pensamentos e as ações. Nelas não há nada simulado, apenas uma clareza de mente e de coração onde a verdade sempre tem as rédeas, e onde a humildade é o vento que guia e impulsiona as velas da sua consciência.

Quem escolhe viver neste cenário de autenticidade emocional e psicológica sabe que terá que pagar um preço. A primeira cobrança é evidente: a sinceridade sempre é franca, e tal franqueza traz mais de um efeito colateral naqueles que não estão acostumados a uma língua sem pelos e a um coração que detesta a mentira.

“Aquele que não se atreve à verdade não pode ser sincero.”
– Thomas Paine-

A segunda cobrança, e talvez a menos conhecida, é a que faz referência ao nosso mundo interior. Ser sincero requer explorar a si mesmo para compreender as próprias limitações e entrar em contato com aquele canto privado onde se esconde a nossa vulnerabilidade. Todos temos defeitos, buracos negros e áreas hipersensíveis. A pessoa sincera é muito consciente disso.

Por outro lado, não podemos esquecer que esta dimensão psicológica é também um valor social importante. Além de encará-la como uma ferramenta imprescindível e ao mesmo tempo valiosa para o nosso crescimento pessoal, é também um motor capaz de dinamizar o nosso bem-estar como indivíduos dentro de um contexto social.

Todos merecemos um salário justo, um trabalho baseado na sinceridade, e inclusive uma classe política arraigada ao mesmo princípio. Então, tendo em vista que as grandes mudanças acontecem pelas pequenas chacoalhadas, deveríamos fazer uso, nós mesmos, deste valor em nossos próprios universos pessoais. Vale a pena.

As pessoas sinceras são “psiconautas”

Os astronautas, como sabemos, exploram os confins do espaço, são descobridores de outros mundos e curiosos inveterados por tudo aquilo que se abre mais além do nosso pequeno e precioso planeta azul. Então, no lado oposto, estão os “psiconautas”. São pessoas que se aprofundam com coragem e elegante habilidade nos caminhos interiores, íntimos e ao mesmo tempo complexos que são os seus universos emocionais e as suas constelações psicológicas.

As pessoas sinceras são mais felizes porque higienizaram muitos desses abismos pessoais onde antes reinavam a indecisão e o medo voraz que as fazia cativas de meias verdades ou de mentiras inteiras. São perfis que aprenderam também a ser críticos consigo mesmos, que toleram os seus defeitos sem se autocastigar, que ouvem o capitão interior que os impulsiona a ser um pouco melhores a cada dia e a cada momento.

Ninguém pode ser sincero com o vizinho se primeiro não o é consigo mesmo. Nenhum de nós pode apontar o cisco no olho alheio se primeiro não varrermos nossos próprios lares. Tudo isso explica porque, como revelam as pesquisas, as pessoas que praticam a sinceridade desfrutam de melhor saúde e de um sentimento de felicidade e bem-estar mais verdadeiro. A chave, sem dúvida, está nesse exercício de autoconhecimento.

Ser honesto consigo mesmo implica muitas vezes ser como um guerreiro espiritual que revela como nos encontramos em nosso próprio momento presente. Isso nos revela nossas próprias impotências e nossas áreas desprotegidas, nossas penumbras, mas por sua vez nos guia para a cura e para permitir que assim tenhamos uma visão mais completa e forte de nós mesmos. Então, seguiremos caminhando com a verdade adiante, mas também com a humildade.

A história da flor da sinceridade

No livro “Histórias de Luz e Sabedoria“, de Pedro Alonso, encontra-se um pequeno relato de singular beleza que nos deixa um ensinamento maravilhoso a respeito da sinceridade.

A história tem suas raízes na China antiga, lá pelo ano de 250 a.C. O protagonista é um jovem príncipe da região norte, que para ser imperador precisa se casar. Assim dizia a lei, e para encontrar entre todas as mulheres solteiras a que seria a melhor para ele, idealizou uma pequena prova de grande astúcia.

“Nenhum legado é tão rico quanto o da sinceridade.”
-William Shakespeare-

A corte declarou um dia em todas aquelas moças que desejassem se casar com o príncipe deveriam se apresentar ao palácio. Entre todas elas, havia uma que amava secretamente o aspirante a imperador. Contudo, era consciente de que lhe faltava graça, não tinha riqueza e muito menos beleza. A sua mãe tentara lhe tirar da cabeça semelhante ideia, mas dado que seu coração estava decidido e a sua atitude era corajosa, não hesitou em se apresentar no dia estabelecido.

Uma vez que todas as jovens estavam no pátio do palácio, o príncipe passou depositando uma semente na palma das mãos de cada uma delas. Disse a elas que voltassem para se encontrarem dali a 6 meses. Aquela que trouxesse a flor mais bela, se transformaria na sua esposa.

A nossa jovem protagonista voltou contente para a sua casa. Ela era uma excelente jardineira, tudo o que tocava com as suas mãos florescia de forma espetacular. Contudo, à medida que passavam as semanas e os meses, nada brotava da terra. Sua mãe novamente lhe recomendou que esquecesse o príncipe, contudo, ela dizia a si mesma que mesmo voltando de mãos vazias e sem flor, se apresentaria novamente ao encontro… Mesmo que fosse para ver mais uma vez o homem que amava.

Quando passaram os 6 meses e as jovens se reuniram no palácio, todas elas levavam nas mãos flores belíssimas, perfeitas e espetaculares. Como tinham feito aquilo? A jovem chorava em silêncio enquanto olhava o príncipe dando atenção e analisando cada uma daquelas flores. Até que, em seguida, chegou até ela e a pegou delicadamente pela mão.

“Me casarei com esta mulher” – disse em voz alta, feliz. A jovem não tinha palavras, e quando as demais moças perguntaram por que, ele foi firme nas suas palavras. “Todas as sementes que lhes dei eram estéreis. Somente esta jovem me trouxe a flor mais bela: a da SINCERIDADE”.

Para concluir, assim como esta bela história nos mostra, ser sincero na verdade corresponde a um gesto de integridade, de coragem e de maturidade pessoal. Todas estas são virtudes que precisamos fazer germinar com dedicação em nosso dia a dia.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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