Marcel Camargo

Eu me casei com minha 1a. namorada e aproveitei a vida, sim!

Imagem de capa: dotshock, Shutterstock

Divertir-se pode muito bem significar ir a festas acompanhado, ir ao cinema apaixonado, passar uma noite de sábado namorando, assistindo a seriados junto a quem ama. Não há divertimento mais certo, aliás, do que sentir-se amado de verdade, do que amor correspondido, amor recíproco.

Inúmeras vezes, quando conto a alguém que sou casado com a minha primeira namorada, ouço que não devo ter aproveitado a vida. Ou seja, penso que um grande número de pessoas acha que, para que a juventude seja aproveitada, é preciso pular de uma boca a outra, de uma cama a outra, como se quantidade equivalesse a qualidade. E isso me entristece.

Ao mesmo tempo em que ouço ser a variedade de experiências um aspecto primordial da vida de qualquer um, há muitos reclamando da infidelidade que permeia os relacionamentos, do aspecto descartável conferido a sentimentos que deveriam, pelo contrário, ser duráveis. Afinal, o que se quer: variedade e quantidade ou fidelidade e exclusividade? Porque, como se vê, há muita contradição envolvendo essa questão.

Há muita romantização em torno do descompromisso, como que se pudéssemos preencher vazios afetivos de quaisquer ordem, quanto mais diversidade e variação de parceiros tivéssemos em menos tempo. Isso porque se costuma desatrelar a diversão de tudo o que requer comprometimento e responsabilidade, ou seja, o que provoca riso não pode ser tido como algo sério e responsável. Por essa razão é que tanta gente confunde bom humor com imaturidade ou irresponsabilidade.

Portanto, sendo possível agregar responsabilidade com diversão, torna-se possível, também, haver comprometimento afetivo e aproveitamento de vida. Divertir-se pode muito bem significar ir a festas acompanhado, ir ao cinema apaixonado, passar uma noite de sábado namorando, assistindo a seriados junto a quem ama. Não há divertimento mais certo, aliás, do que sentir-se amado de verdade, do que amor correspondido, amor recíproco.

Eu até posso ter perdido algumas festas e sei lá mais o quê, mas jamais me arrependerei de ter optado pela mulher com quem eu queria passar o resto da vida junto, de ter crescido e amadurecido ao lado de quem sempre torceu por mim, de ter batalhado a vida toda para que pudéssemos construir um lar onde nossa família repousaria a cada dia, sob calmarias e tempestades. Eu me casei com minha primeira namorada e aproveitei a vida, sim, porque desfrutamos das dores e dos prazeres de um relacionamento forte, de mãos dadas. Isso nos tornou cada vez mais próximos e unidos. Assim como deve ser.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Escola não vai expulsar autoras de ofensas racistas contra filha de Samara Felippo: “Não acho que a gente errou”

A decisão da escola Vera Cruz, em São Paulo, de suspender, em vez de expulsar,…

20 horas ago

Priscila Fantin, a eterna Serena de ‘Alma Gêmea’, revela batalha contra depressão: “Medo do mundo”

A trajetória de Priscila Fantin, conhecida pelo público como a doce Serena da novela "Alma…

21 horas ago

Roteirista de Os Simpsons revela como eles são capazes de prever eventos do futuro

Ao longo das décadas, "Os Simpsons" conquistaram fama não apenas por sua comédia afiada, mas…

2 dias ago

Jovem do Maranhão se torna a primeira promotora quilombola do Brasil: “É por meus ancestrais”

Na luta pela igualdade de oportunidades e representatividade, Karoline Bezerra Maia alcança um marco histórico…

2 dias ago

Italiano de 99 anos pede divórcio após descobrir caso de esposa em 1940

Após uma vida inteira de casamento, Antonio C., um italiano de 99 anos, decidiu tomar…

3 dias ago

Menina de 6 anos é operada e recebe pinos em perna errada na Paraíba

Uma situação angustiante abalou o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande na noite…

3 dias ago