Dei sorte de encontrar você

Imagem de capa: A StockStudio, Shutterstock

É sorte, só pode ser sorte. Me disseram um dia, que depois de uma tempestade o sol que nasce tem um brilho muito mais especial dentro da gente. Você estava ali, sempre esteve ali de alma e coração dispostos, eu, seguia de olhos fechados ajeitando a bagunça deixada na última vez que o tempo fechou. Deixei as janelas abertas como sempre e o evento trouxe folhas, entulhos, deixou as cortinas no chão, e então, por um tempo, mantive tudo em silêncio, portas e janelas fechadas, com medo da chuva.

Será que já nos vimos? Será que nos vimos de verdade? Com o coração? Será que nos notamos? Ou será que a gente só deixou tudo isso passar como quem rola a “timeline” da vida, deixa uns “likes” despretensiosos e não nota, que as vezes há toda uma história esperando o primeiro “Oi” pra acontecer? Pra mudar todo o futuro que eu achava que teria? Tenho medo de entrar nesse discurso sobre a teoria do caos, mas, o bater de asas de uma borboleta pode mesmo causar uma ventania do outro lado do mundo?

Falando em ventania, aqui você foi furacão, me tirou noites de sono, me bagunçou a casa, a cama, o cabelo, e, eu nem reclamei. As manhãs sempre foram calmas, o silêncio era preenchido pelo som das gotas derradeiras deixadas pela chuva e o sol ganhando as janelas numa pacatez fascinante. Abri as janelas sem medo, deixei essa maré inundar minha vida inteira. E transbordei.

Perdi o medo da distância vendo você sorrir, corto a estrada pra te encontrar, é que foi sorte encontrar você, é que foi sorte meu sorriso caber em você, é uma sorte danada encontrar uma paz assim no peito que perto ou longe tem o mesmo aconchego. Só pode ser sorte mergulhar nesse olhar e encontrar um mar dessas coisas boas. É, é mergulho no escuro, mas me disseram uma vez que o amor é isso mesmo, é se atirar em um precipício sem saber se vai ter alguém lá em baixo pra segurar a gente. E se esse amor for chuva ou tempestade, te juro, quero me molhar inteiro.



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Giovane Galvan é taurino, apaixonado e constantemente acompanhado pela saudade. Jornalista, designer, produtor e redator, escreve por paixão. Detesta futebol e cozinha muito bem. Suas observações cotidianas são dramáticas e carregadas de poesia. Gosta do nascer e do pôr do sol, da noite, mesas de bar e do cheiro das mulheres pra quem geralmente escreve. Viciado em arrancar sorrisos, prefere explicar a vida através de uma ótica metafórica aliando os tropeços diários a ensinamentos empíricos com a mesma verdade que vivencia. Intenso, sarcástico e desengonçado, diz que tem alma de artista. Acredita que bons escritos assim como a boa comida, servem de abraço, de viagem pelo tempo e de acalento em qualquer circunstância.

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