Você é muito mais do que eu vejo, é o que me faz sentir

Imagem de capa: Patiwat Sariya, Shutterstock

As pessoas não são apenas o que vemos superficialmente: são o que nos fazem sentir através dos seus olhares brilhantes, das suas palavras certas e abraços carinhosos onde nos sentimos protegidos. São pessoas que exalam um poder emocional curador e essencial, que são capazes de nos tirar da nossa letargia e tristeza.

Todos nós já experimentamos essa sensação alguma vez na vida: conhecer alguém que à primeira vista parece uma pessoa “sem graça” e até mesmo desinteressante pela sua aparente introversão, por sua falta de coragem ou espontaneidade. No entanto, aos poucos, descobrimos nuances desconcertantes, detalhes coloridos e aspectos mágicos que acabam trazendo uma felicidade diferente, ousada, e até mesmo transformadora.

“Que alguém faça você sentir coisas sem tocá-lo, isso é admirável”.
-Mario Benedetti-

As pessoas são muito mais do que as feições de um rosto ou roupas que cobrem seus corpos. O ser humano possui uma energia única e excepcional que transcende a força que invade o nosso coração ou que permite que os nossos pulmões realizem a troca gasosa com o sangue. Muito além das funções orgânicas, são essas emoções que definem quem somos e como nos relacionamos com o mundo.

A forma como transmitimos as nossos emoções para as outras pessoas é um poderoso canal que merece ser cuidado com carinho e autoconhecimento. A seguir, explicaremos como desfrutar de uma melhor qualidade nos seus relacionamentos interpessoais.

Os sentimentos que provocamos nos outros: o contágio emocional

Todos nós transmitimos mensagens emocionais sem perceber. A nossa aparência, os nossos gestos ou a forma como nos movemos ou olhamos para os outros criam um microuniverso emocional, onde não precisamos de palavras para transmitirmos informações concretas. Na verdade, e isso devemos sempre lembrar, muito antes do desenvolvimento da linguagem os seres humanos usavam as emoções como única forma de comunicação.

“Eu gosto de você porque você me faz sentir bem, e eu não sou daqueles que se dão bem com qualquer pessoa”.

A expressão facial de medo, por exemplo, colocava o grupo em alerta de perigo, as lágrimas e uma postura encolhida relatavam uma dor, uma necessidade que precisava ser atendida. No entanto, com o advento de uma linguagem mais sofisticada, esse gestual exagerado não só foi reduzido, mas também deixou de ser tolerado. O mundo civilizado exige a inibição das emoções, porque a sua expressão instintiva é considerada algo primitivo, algo que é necessário “controlar” e esconder em nossos espaços privados e de solidão…

As emoções garantem a nossa sobrevivência como grupo

Por outro lado, estudos realizados no campo da cognição social nos mostram algo que é bom lembrar: as emoções não são apenas um mecanismo de alívio ou de expressão pessoal. Acima de tudo, elas constituem um mecanismo de sobrevivência, porque através delas “contagiamos” os outros, transmitimos informações, os envolvemos com a nossa felicidade para que sintam alegria ou deixamos que vejam as nossas tristezas e dores da alma para que nos ajudem.

Dessa maneira, colocamos em marcha o motor da cooperação que nos permitiu sobreviver como espécie, que moldou uma arquitetura cerebral quase perfeita onde os neurônios espelho nos ajudam a aprender, a imitar e a identificar as emoções alheias.

No entanto, se optarmos por inibir as emoções, por não olhar nos olhos das pessoas com quem falamos ou baixar a cabeça quando vemos um colega de trabalho sofrendo escondido, iremos contra nosso próprio conceito evolutivo. Nos escondermos nas nossas orgulhosas ilhas de solidão criará uma ecologia emocional onde apenas a infelicidade cresce.

Você me faz sentir bem, me proporciona emoções positivas

Curiosamente, não há muitos estudos para nos dizer como funciona este maravilhoso mecanismo do contágio emocional. Até o momento, o que sabemos é que os outros nos fazem sentir emoções positivas ou negativas através do que é conhecido como “sistema de espelhamento” (neurônios espelho). Neste quadro complexo, os neurologistas enfatizam a ínsula como a estrutura responsável pelo processo e interiorização dos estados emocionais das pessoas que nos rodeiam.

“Sentir gratidão e não expressá-la é como embrulhar um presente e não entregá-lo”.
– William Arthur Ward –

Além disso, estas estruturas são muito resistentes aos danos degenerativos. Isso explica, por exemplo, por que os pacientes de Alzheimer permanecem receptivos ao mundo emocional. Um toque, um abraço, um gesto carinhoso e uma presença que lhes transmita calma e carinho se transforma, em última análise, na única linguagem que eles entendem e respondem.

Por outro lado, as emoções positivas têm um papel muito importante na educação. Um recém-nascido, por exemplo, vai começar a entender o mundo com base nos sentimentos que os pais provocam. As emoções baseadas no contato físico, no carinho que consola o choro, que atenua os medos e atende a todas as suas necessidades afetivas, proporciona dia após dia um desenvolvimento neurológico adequado.

Para concluir, as emoções positivas alimentam, criam vínculos, curam os medos e constroem uma forte ligação em toda relação de casal estável e feliz. Aprendamos então a sermos criadores e mediadores desse afeto altruísta, dessa consideração baseada na empatia e reciprocidade, onde intuir as necessidades do outro e dar carinho, respeito e a felicidade simples, se encaixa em todas as situações cotidianas.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



LIVRO NOVO



Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui