Sua vida não é parque de diversões. Não deixe ninguém recrear nela.

Imagem de capa: Angela Waye, Shutterstock

Vamos parar com essa história de caráter coletivo, com essas falsas afirmações de que gente de bom caráter tem que gostar de todo mundo e aceitar pancada calada. Não existe regra de conduta para ter bom caráter e integridade. Ser bonzinho não tem a mínima relação com integridade. Os piores psicopatas se esconderam atrás de uma máscara de bondade.

Se deixar ser pisado não tem relação com inteligência ou integridade, tem relação com personalidade. Da mesma forma, responder a ofensa à altura também não é sinal de ignorância. São traços de personalidade, que variam, conforme as pessoas se desenvolvem ao longo da vida. Existe um lugar-comum na sociedade atual que é muito incômodo e que se você permitir vai te fazer se castrar. É muito comum ver gente falando mal de alguém que se defendeu de uma ofensa. Sim, é surpreendentemente comum. Quem nunca ouviu ao término de um conflito: “Fulano é tão inteligente, mas é ignorante. A inteligência não serviu para nada.”. Imagina se Einstein fosse seguir este padrão, hein?! Um dos homens mais inteligentes do mundo, mas conhecido por ter um temperamento forte e conflituoso. A sociedade quer convencer que inteligência exige que você se comporte como bobo e permita que todos te ofendam.

Gostar de todo mundo não é sinônimo de inteligência ou hombridade, é falta de personalidade e capacidade de julgamento. Não é porque te deram educação que você tem que gostar de todo mundo. Entenda: educação e afinidade são duas coisas gritantemente diferentes. Você não deve sair distribuindo pancada por aí, mas quem é que disse que sinal de integridade é gostar de todo mundo? Em que livro de conduta esta lei foi escrita mesmo, hein?! Onde está sacramentado que ter educação é sorrir com falsidade para todo mundo?

Ter educação é tratar as pessoas com respeito e para respeitar alguém é essencial não invadir o espaço alheio. Infelizmente, há pessoas que não compreendem isto, pois lhes falta a própria educação. Querem se fazer descer goela abaixo de todo mundo. Ou seja, são mimadas e acham que todos, sem exceção, devem gostar delas, devem aceitar sua presença em suas vidas e lhes devem amizade. É uma presunção psicótica querer se impor a alguém assim, afinal ninguém nos deve sentimento algum, sentimento é conquistado. Quer ser amigo de alguém? Faça por onde.

Relacionamentos são criados baseando-se em afinidades e laços. Não se cria uma amizade forçando a barra, impondo-se ao outro. O outro tem todo o direito de não querer nada com você, de ficar lá no cantinho dele e não querer assunto. A vida de ninguém é parque de diversões, portanto não deixe as pessoas brincarem em sua vida. Vida dos outros não é área de lazer e quem estiver entediado que encontre ocupação. Existem presenças que são nocivas de uma forma tão embaraçosa que basta a pessoa se aproximar para a cabeça doer, o ambiente ficar pesado e o dia estragar. Sendo assim, é preciso que exista a opção de dizer “não”, de rejeitar algumas aproximações.

Assim como há quem seja nocivo sem perceber, há aquele que se aproxima sabendo que não é boa bisca, que se aproxima com algum intuito obscuro, movido por inveja ou recalque. Segundo a teoria de algumas pessoas, se você disser não a esta amizade, você é sem educação ou ignorante. Bem, deixa eu te contar uma coisa: você é livre para dizer não sempre que você puder e quiser. No menor sinal de maldade, caia fora, diga “não”, blinde sua vida. Acredite, há pessoas capazes de destruir o seu dia apenas com uma palavra.

Bondade e integridade não têm relação com falsas relações criadas por conveniência ou com o número de amigos numa rede social. Têm, na verdade, relação com a forma como você age ao longo do seu dia, com a sua empatia com o próximo, com a sua capacidade de se compadecer, com a sua atuação no mundo, ou seja, você faz algo para transformar o mundo em um lugar melhor? Sim? Então, isso é ser uma boa pessoa. Você age sempre corretamente, evita infringir regras, não prejudica o próximo, não cria calúnias, não se envolve em fofocas, não engana os outros, não se aproveita, não se faz de vítima para conseguir benefícios, não fura fila? Parabéns! Você é um ser humano íntegro. Integridade envolve o agir corretamente e não o “ser falso” e agradar todo mundo.

Portanto, apesar da noção equivocada da minoria, você tem o direito de rejeitar pedidos de amizades; aproximações suspeitas; investidas amorosas que não te agradam e toda e qualquer pessoa nociva. Basta um breve “não”, sem mais ou apenas o silêncio e o bom entendedor saberá bem qual é o lugar dele. Não precisa pesar a consciência, pois o não existe é para estas situações mesmo, para nos proteger e libertar de coisas prejudiciais. Mesmo que o outro esperneie e espalhe aos quatro ventos o quão malvado e sem caráter você é, fique firme. Melhor ficar mal falado, que adoecer emocionalmente por ter em seu rol de amigos uma pessoa nociva. Como diz o velho ditado: corte o mal pela raiz.

Não se esqueça: sua vida não é parque de diversões e você não deve permitir que as pessoas recreiem nela. O maior responsável pela sua felicidade e pela proteção do seu emocional é você mesmo, então, mantenha junto a você apenas o que te faz bem.



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Rândyna da Cunha nasceu em Brasília, Distrito Federal, em 1983. Graduada em Letras e Direito, trabalha como empregada pública e professora. Tem contos publicados em diversas revistas literárias brasileiras, como Philos, Avessa e Subversa. Foi selecionada no IX Concurso Literário de Presidente Prudente. Participou da antologia Folclore Nacional: Contos Regionalistas da Editora Illuminare e das coletâneas literárias Vendetta e Tratado Oculto do Horror, da Andross Editora- http://lattes.cnpq.br/7664662820933367

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