Silenciar as emoções envenena a alma

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei, Shutterstock

Você sabe que precisa falar, mas se segura. Sabe que existe alguma coisa dentro de você que luta para sair, mas você não deixa. Fica com medo de ser rejeitado, medo de se mostrar vulnerável, sentimentos de vergonha que fazem você repensar o que está sentindo… Contudo, você não tem consciência de que silenciar nossas próprias emoções envenena a alma.

No fim das contas esta atitude terminará se repetindo. Você se sente entre o “sim” e o “não” cada vez que precisa expressar o que sente. Quantas vezes você já se sentiu culpado por não ser suficientemente corajoso para permitir que as palavras fluíssem sem restrição da sua boca? Quantas vezes você já se arrependeu por não deixar sair o que a sua alma grita? Talvez seja hora de levar mais a sério essa frase que todos conhecemos, mas que preferimos ignorar: “quem muito engole, no fim das contas se afoga”.

“Levo uma profunda tristeza no meu coração que de vez em quando precisa estalar em som.”
-Franz Liszt-

Silenciar nossas próprias emoções tem um preço

Desde crianças somos ensinados a silenciar nossas emoções. Começamos contendo as lágrimas quando estas precisam aflorar, começamos a não dizer o que sentimos na verdade porque os outros podem nos rejeitar, e a rejeição traz amargura e dor. O medo começa a se instalar em nós na forma de mordaça para nossas emoções e nossos sentimentos.

A raiva, a ira e a tristeza são emoções negativas que aprendemos a conter porque mostrá-las nos deixa em evidência, projetando a imagem de que somos seres humanos incapazes de nos controlarmos. Por outro lado, o amor, os abraços, ou dizer “amo você”, são emoções positivas que também silenciamos. Seja por medos que arrastamos desde a nossa mais tenra infância, ou por esse sentimento de vergonha, às vezes tão inútil, que nos persegue por todo lado.

Contudo, fazer isso é ir contra a nossa própria natureza. Somos seres emocionais. Por mais que desejemos não sentir, por mais que silenciemos nossas emoções, estas vão continuar ali. Você pode se esforçar o quanto quiser para se calar, mas cedo ou tarde o seu corpo irá reagir. Essas lágrimas, essas palavras que você segura, irão aflorar de alguma forma sem que você possa fazer nada para evitá-las.

“A dor que não é desabafada com lágrimas pode levar outros órgãos a chorar.”
-Francio J. Braceland-

Você está usando o seu corpo como um recipiente no qual derrama tudo isso que sente, mas que se nega a expressar. De repente, você não é capaz de explicar por que sente tanto mal-estar físico, por que a depressão e a ansiedade se instauraram, ou por que a insônia e a insatisfação estão começando a apagar a esperança e a vontade que você tinha antes de fazer certas coisas. O seu corpo começa a alertar você de que alguma coisa não vai bem.

Dê voz aos seus sentimentos

Sempre se fala do silêncio como um traço de sabedoria que nos permite saber ouvir os outros, assim como a nós mesmos. Ele pode nos ajudar a ouvir nosso próprio corpo, como está reagindo, o que precisamos. Contudo, no fim das contas, é importante dar voz aos seus sentimentos.

De forma semelhante, é fundamental não ignorar uma verdade: dizer e expressar o que o corrói por dentro não implica necessariamente machucar os outros. O fato é que, na expressão de nossas próprias emoções negativas, às vezes nos deixamos levar pela energia de tudo que foi acumulado, e então podemos causar um dano significativo. Por isso, o controle das emoções é mais fácil quando não se tem um grande conjunto de emoções acumuladas para represar.

Uma boa forma de colocar em ordem, tanto nossos sentimentos positivos quanto os negativos, é escrevendo. Fazer isto nos dá prazer, uma espécie de liberação. Mas, cuidado! Não fique nisso e continue silenciando as suas emoções. Colocar em um papel a sua irritação ou seu carinho não irá jamais substituir a própria ação de verbalizá-lo: o calor de uma folha em branco nunca será o mesmo que o calor humano.

“Não somos responsáveis pelas emoções, mas sim pelo que fazemos com elas.”
-Jorge Bucay-

Por outro lado, encarregar-se das emoções e dos sentimentos dos outros pode aumentar a sua própria carga emocional. Você já tem suficiente com a sua, não procure abrigar ainda mais. Pare de viver constantemente com essa necessidade de falar, mas com o pensamento de calar. Você não irá se sentir livre, mas sim condenado.

Na sua tentativa de ter o controle das suas emoções, acabará perdendo o controle. Elas mandam, irão se expor de uma forma ou de outra. Silenciar nossas emoções não é natural e nem benéfico para a nossa saúde. Lembre-se de que “quem sente ganha, mesmo que perca”.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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