Acomode-se em sofás, não em relacionamentos

Imagem de capa: Leszek Glasner, Shutterstock

Você pode ser fã de Camões, Vinícius de Moraes, Caio Fernando Abreu e Shakespeare, mas acredite, o amor também acaba e nenhum de nós lida bem com fim de um amor.

O fim de toda a relação traz um turbilhão de sentimentos estranhos: saudade é confundida com amor e raiva com desrespeito. Terminar um relacionamento é uma tarefa cruel. Talvez por isso, que (quase sempre) atribuímos ao outro a responsabilidade de terminar as relações desgastadas e sem sentimentos. Martha Medeiros diz que: despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.”

Podemos negar, mas lidamos melhor com a dor da rejeição do que com a dor do arrependimento. Lidamos melhor com o orgulho ferido do que a vontade de correr atrás. Ah….quanta bobagem! Enquanto escutamos a tortura psicológica de “será que eu estou realmente fazendo a coisa certa? Será que não vou me arrepender?” deixamos de sermos felizes e de vivermos coisas novas.

O controle de nossas vidas está em duas vertentes: no destino e em nossas mãos, mas nunca, nas mãos do outro. É inconcebível atribuir ao outro a responsabilidade sobre os próprios sonhos. Temos a obrigação das ações e das consequências das nossas vidas. A relação esfriou? O amor acabou? A vida não está como gostaria? Mudemos! Mas que a mudança parta das nossas atitudes, nunca do outro! Até porque, cobrar do outro algo que não praticamos é demagogia.

Seria perfeito se tudo durasse para sempre, mas não é. A vida é feita de ciclos, para que possamos amadurecer com as perdas e com a dor. É preciso entender que assim como tudo na vida, o amor também acaba. Não é porque chegou ao fim que não foi amor. Foi sim, enquanto durou. Essa idealização de amor sofrido e eterno é para literatura. Amores acabam, recomeçam, acabam de novo. A vida é realidade e NE, por isso, menos romântica. Paulo Mendes Campos em sua crônica mais famosa afirmava que “o amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; (…) por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.

Por mais dificuldade que temos em aceitar que um amor acabou, é melhor do que permanecer preso ao mesmo por comodismo ou por medo de ficarmos sozinhos. Na verdade, não é a solidão assusta, é o medo do novo.

É preciso ser forte para encarar o fim de um relacionamento. Parar de olhar as redes sociais, apagar o número do celular e perder o hábito de enviar mensagens. No começo a saudade sufoca mesmo, a curiosidade em saber da vida alheia aperta e o medo em ficar sozinha estraçalha, mas um dia tudo irá passar. Basta que você queira.

Esqueça as frases do seu subconsciente que te dizem que: “você nunca mais encontrará alguém como ela” ou “ele é homem para casar” ou a clássica “você rasgou o bilhete de loteria premiado” ? Elas são mentirosas e só servem para te acorrentar a algo que não serve para você. Você não rasgou sena nenhuma, irá encontrar pessoas muito melhores e, mesmo que ele seja para casar, não será com você.

Não se culpe. O erro não é você! Não são suas escolhas. Seu destino nunca foi sofrer. Mas, enquanto algumas lições estiverem pendentes, a vida te dará aulas de amadurecimento mesmo. “Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.”(Martha Medeiros)



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A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

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