Imagem de capa: Newnow, Shutterstock

De repente já não é aquela exclamação pros dias mais desesperançosos, quando o telefone notificava um elogio aos posts de desespero oculto. De repente não é mais reticência, daquelas quando não deixava claro o significado de músicas e “bons dias” abrindo um leque de caminhos infinitos para minhas ilusões inventadas. De repente, quem outrora vestia textos apropriando-se das palavras cheias de bagagem, hoje assusta com fantasmas sobrevoando curtas citações, que me remetem sentimento, passado, rostos e perfumes mal resolvidos.

De repente já não sei se habito a morada que me foi oferecida, ou só faço visita numa manhã de domingo; se sou única no cais ou te divido a mente e o coração. De repente já não sei se sou cabal ou se sou resto. De repente perdi a distância entre o gostar e o amar, e me vi vasculhando a poeira da rotina. De repente perdi de vista a confluência, o sentido da química e a displicência. Não mais que de repente, comecei a pensar que fui rolha de vinho pras lacunas do tempo. Quanto custa o sossego de amar sem se culpar? Quanto de nós o tempo leva, e quanto delas o vento te traz? Brisa? Tempestade? Ventania? Ou solidão? Qual tempero me falta pra trazer o fascínio da “pessoa certa – hora certa” de volta?

De repente não sei mais se sou ponto de partida, ou atalho para a vida, que seguiu e segue sem teus infinitos casos complicados. De repente a certeza que eu tinha, escorreu ladeira abaixo.

Mas, de repente já não é paixão. Tem gosto atípico. Traz medo e precaução. Ainda carregas o gosto amargo de outrem? Tens saudade do que poderia ter sido e não foi? Se a resposta for sim, amavelmente não me coloque no amontoado. Sofro de asma, tudo que me ofusca não me permite respirar. Não me coloca como válvula de escape para sentimentos ainda vívidos. Não sei habitar casa de sentimentos bons com pegadas secas de barro não limpas. Não sei substituir. Não sei dar o que te faltou. Só sei ser excêntrica, dar-te-ei assim, somente o que nunca procurou.

Não maltrate as infinitas interpretações de uma mente sem grades, da literata que descobriu.

Ana Carolina Santos

Ana Carolina Santos Mãe em tempo integral; Apaixonada pela ética e pela liberdade; Escrevo por amor às causas perdidas! Instagram: @cronicasdeumavidanaovivida

Share
Published by
Ana Carolina Santos
Tags: de repente

Recent Posts

Criança perde a vida ao ser forçada pelo pai a correr em esteira: “Acima do peso”

Uma história chocante veio à tona nos Estados Unidos, onde um pai foi acusado de…

2 dias ago

Whindersson Nunes arrecada R$ 1 milhão para vítimas de enchentes no RS

O humorista brasileiro Whindersson Nunes mais uma vez mostrou seu lado solidário ao liderar uma…

2 dias ago

Norte-americano viraliza ao descrever seu primeiro beijo com brasileira: “Eu fiquei chocado”

O influencer norte-americano Joshua Canup tem causado alvoroço nas redes sociais com um relato inusitado…

3 dias ago

Anitta é confirmada para participar do show de Madonna em Copacabana

"Anitta irá participar do aguardado show de Madonna na Praia de Copacabana, no Rio de…

3 dias ago

Escola não vai expulsar autoras de ofensas racistas contra filha de Samara Felippo: “Não acho que a gente errou”

A decisão da escola Vera Cruz, em São Paulo, de suspender, em vez de expulsar,…

5 dias ago

Priscila Fantin, a eterna Serena de ‘Alma Gêmea’, revela batalha contra depressão: “Medo do mundo”

A trajetória de Priscila Fantin, conhecida pelo público como a doce Serena da novela "Alma…

5 dias ago