Um coração bem feitinho

Imagem de capa: Sergiu Birca, Shutterstock

Você pode ter olhos lindos, uma boca desenhada, sobrancelhas que mais parecem uma pintura ou o que mais estiver dentro do seu conceito de beleza. Porém, nada pode ser mais bonito do que um coração bem feitinho.
Um coração bem feitinho não carrega só amor dentro dele, ninguém é capaz de carregar só amor dentro de si. Somos tomados por outros sentimentos como medo, tristeza, culpa e até raiva. Essas sensações desagradáveis também fazem um coração bonito.

Não é que eu ache bonito sentir qualquer uma dessas coisas aí de cima, não tem a ver com o que se sente, mas o que fazemos com isso, entende? Se você está triste com alguém ou com medo de tomar alguma decisão, há duas maneiras de sentir e lidar com isso.

A primeira, talvez a mais fácil delas, seja descontar no outro aquilo que não foi bem aceito por você. Ou seja, se ele me machucou de alguma forma, ei de fazer muito pior. Muito embora seja a alternativa mais “rápida”, também é o jeito mais doloroso de resolver as coisas.

A outra forma é bem diferente e requer um negócio difícil chamado resiliência, que é aceitar o que não está em nossas mãos modificar e encontrar outras formas de descarregar. Seja escrevendo um texto bonito, correndo no parque, fazendo uma boa ação, cuidando da casa, enfim.

O coração bonito não deixa de viver alguns sentimentos humanos, pois seria como concretar a única entrada de um lugar, evitando que todo o resto circulasse junto. Além disso, tudo o que não se coloca para fora acaba ficando lá dentro. E quanto mais engolirmos as coisas, mais elas desejarão sair.

O coração bonito sabe que não está imune aos sentimentos não tão bons e não se pune por senti-los. Porém, ao mesmo tempo, não justifica seus atos de crueldade com o outro pelo fato de ser uma pessoa comum, de carne e osso.

Podemos sentir qualquer coisa o tempo todo, mas jamais devemos intercalar isso com atitudes que causam dor física ou moral ao cara do lado. Há uma frase que diz: “você tem direito de sentir raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel”. É mais ou menos isso que o coração bem feitinho tem como lema.

Um coração bonito faz isso. Um coração bonito também acolhe o outro com o mesmo carinho que uma mãe abraça um filho. O coração bem feitinho ajuda o parceiro a atravessar as ruas da vida, mesmo que nem saiba ao certo para onde o outro quer ir.

Temos todos os dias uma nova chance de fazermos do nosso coração, um lugar mais bonito para as pessoas morarem. Nenhum coração nasce pronto, ninguém nasce feito. É o passar do tempo que nos torna maiores. E é o que aprendemos da gente que nos torna melhores.

Para ter um coração bem feitinho não é preciso ser perfeito ou estar vacinado contra os desprazeres da vida. Também não requer controle absoluto sobre o que sentir. Menos ainda necessita de ouro ou qualquer outra moeda de compra.

O coração bonito se faz toda vez que a gente cai de cara no chão, mas levanta inteiro e pronto para mais um abraço. Quando largamos as armas, levantamos as mãos para cima e nos rendemos ao amor pelo que nos rodeia, pelos outros e por nós mesmos.

Você pode ter um coração bem feitinho que fica bonito todos os dias mais um bocadinho. É desse jeito que vamos angariar amor(es) por onde flor(mos). É dessa forma que nossa história fica mais leve para ser vivida.

Ninguém precisa carregar o coração nas costas, como se fosse tão frágil como dizem por aí.

A vida gosta mesmo é de andar de par com o peito, agarradinha em um coração bonito.



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Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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