Pela ausência de amores efêmeros

Imagem de capa: LiAndStudio, Shutterstock

“Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure”. (Vinicius de Moraes)

Amores são efêmeros, instantes de si mesmos que precisam ser constantemente renovados, impulsionados pela vontade do ser em abrir-se perante o outro. Negamos sentimentos, negamos palavras e nos trancamos numa prisão sem janelas. Talvez fosse mais fácil simplesmente dizermos as coisas que gostaríamos de dizer, mas diante de tantas cicatrizes, o corpo se entrega desgastado pela quebra das expectativas. É o dar de ombros para a tentativa de viver um sorriso, de ter o entrelaçar das mãos e pernas como quem busca refúgio, mas que na verdade, quer apenas sentir a propulsão necessária para dedicar uma poesia gestual, um beijo.

O conhecimento acerca dos amores é infinito, mas a chance da sobrevida de um coração encontrar o seu fim no instante seguinte é real. Conhecer, reconhecer e contemplar os caminhos a serem permitidos é de direito meu, seu e todos. Não existe essa tal falta de sorte. Existe sim, a recriminação de si próprio e a insensibilidade para avistar o novo.

Todo o sentimento possível demanda disposição e autoconhecimento e a felicidade dos amores reside na vontade imortal do querer, ainda que enquanto dure, de saborear o novo, dia após dia, colhendo amores imersos no outro, para somar e perpetuar instantes. Esqueça o efêmero. Vista o incessante.



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