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Senta aqui e vamos falar de nós

Imagem: Roman Seliutin/Shutterstock

Sentimentos deveriam ser mais às claras, da gente saber o que se passa, e ter certeza do que sente, sem firula. Mas nem sempre é assim. Se relacionar pode parecer um pouco ousado quando os sentimentos são colocados à prova num território desconhecido. Nesse caso, é bom pedir um mapa.

Adivinhar o que o outro pensa e tirar as próprias conclusões pode ser um caminho bastante perigosos se você não é vidente ou não tem uma bola de cristal. Cada ser humano é um universo, e estamos aqui para nos relacionar e aprender um com outro.

Pedir um mapa é pedir para que o outro te guie por meio do diálogo. Quando iniciamos uma relação com alguém, várias dessas questões surgem a todo o momento. Estamos conhecendo mais profundamente o outro ser humano, buscando entender suas motivações, reações, expectativas em relação aos dois e a tudo.

Buscamos nos encaixar nesse universo de imperfeições querendo ambos uma harmonia. E pra que dois se entendam é preciso mais que química.

“Senta aqui e vamos falar de nós”. Essa temática deveria existir sempre na vida do casal, ou pelo menos sempre que precisar, pra deixar tudo entendido, sem achismos.

É mais provável que assim os caminhos se encurtem e as coisas se ajeitem. Nada como um bom diálogo a dois para deixar duas cabeças mais próximas.

Mas, receio que não é muito disso que acontece de fato… O que acontece mesmo são as ações tomando lugar das palavras, abrindo brechas para o subtexto, sub entendimento no sub onde reside a paranoia.

As atitudes sem palavras agem de forma solta, abrangente, dizem muito sobre tudo e não são específicas em nada. Elas abrem para muitas interpretações, demonstram um turbilhão de pensamentos, emitem ruído e por isso muitas vezes podem não ser compreendidas pelo receptor.

É importante dialogar. Afinal estamos falando de dois territórios humanos desconhecidos – quer algo mais complexo que isso? – Saber o que o outro está sentido e buscar compreender suas motivações emocionais é maturidade emocional. É escolher entre ignorar ou comprar uma briga, gritar ou melhorar os argumentos. É buscar a melhor saída para aquilo que muitas vezes foge do nosso controle. Resolver dilemas reconhecendo suas forças e fraquezas, sendo competente para lidar com seus sentimentos e com do outro buscando dessa forma eliminar qualquer dificuldade emocional. Veja, é controlar, entender, codificar e não reprimir.

Quando somos tomados por sentimentos fortes como raiva, ciúmes, ficamos burros emocionalmente… falamos coisas que realmente não sentimos, agimos com imaturidade, descarregamos uma carga de emoção desnecessária a alguém que muitas vezes gostamos muito. Depois de ter passado o tsunami emocional, bate a uma ressaca moral que dá mesmo dor de cabeça e nos deixa num ambiente bastante bagunçado.

Não é fácil controlar a emoção. Mas acredito que o diálogo é a chave mestra para evitar desentendimentos. Quando duas pessoas gritam uma com a outra é porque os corações estão distantes, elas não estão se ouvindo. Por isso o diálogo consiste em vozes baixas, quase ao pé do ouvido, deixando os corações falarem, se ouvirem.

Abrir-se para o diálogo não só fortalece relações como nos dá clareza, nos traz conhecimento, aprimora relações e amplia nosso entendimento. É pra isso que estamos aqui nessa existência, para aprender a nos relacionar! O outro será sempre o nosso grande mestre.

Por isso, ganhe tempo, ganhe vida. Sentimentos não resolvidos gastam energia desnecessária, deixam a mente cansada, não abre espaço para coisas boas fluírem livremente. Elas realmente ocupam espaço. Elimine o que te atormenta por meio do diálogo. Qualidade de vida também é aquela que cultivamos na nossa mente. Uma mente livre e em paz é aquela que consegue ser mais criativa e feliz. Mais vale a compreensão a dois que um dilema desnecessário por falta de diálogo.

Anieli Talon

É jornalista, atriz, locutora, dubladora e tem a comunicação como aliada. Escritora por natureza, tem mania de preencher folhas brancas com textos contagiados por suas inspirações .

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