Quem sabe isso é amor

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei, Shutterstock

Acho que posso dizer que é amor, sim. Mesmo que a gente tenha se perdido para que eu pudesse encontrar a mim mesma. Mesmo que a gente tenha se perdido para que você pudesse buscar a si mesmo .

É amor porque eu te guardo na lembrança bonita do meu crescimento, da descoberta do que era a co-dependência ou da fusão que subtrai. É amor, porque cantamos juntos, dançamos juntos, choramos juntos, fizemos amor intensamente, trocamos profundamente as angústias da alma, torcemos um pelo outro, nos ajudamos, viajamos juntos, gargalhamos desarvoradamente, dormimos juntos no melhor abraço um do outro, descobrimos novas músicas, sinônimos, livros, enlouquecemos lindamente, brigamos muito, fizemos as pazes várias vezes e fomos embora um do outro quando nada mais era poesia.

Não foi triste, mas doeu profundamente . Uma dor resignada porque eu podia ver com clareza que já não nos acrescentávamos nada. E aprendi a trabalhar o desapego e o perdão . E hoje, quando vejo você sorrir, eu sinto que estamos bem e que fizemos a coisa certa . E o amor só pode ser isto : Querer que o Outro encontre a felicidade a qualquer custo, mesmo que isso exclua você da plenitude dele . Mesmo que isto exclua o Outro da sua plenitude .

P.S : Sinto um amor incondicional por ele . Vai ser sempre amor, mesmo que as flores murchem e o tempo fique garoando . Vai ser sempre amor, mesmo que os ponteiros corram depressa . Será sempre amor mesmo que nossos corações comecem a dançar valsa por não conseguir mais dançar samba ou frevo . Será sempre amor mesmo que exista alguns impasses, mesmo que nossos sonhos sejam loucos e alguns planos não se concretizem . Será sempre amor, não importa quanto tempo passe . Amor de querer ver a pessoa bem e feliz, amor de querer proteger, amor de se preocupar . Evoluímos para esse amor que nem sei explicar . Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase 7 anos . Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Era tanto amor que não deixou de ser . Certas coisas são incondicionais.



LIVRO NOVO



Marla de Queiroz, brasileiríssima, é marlabarista de palavras. Simples e complexa como a contradição. Negra-índia urbana: fruto improvável de nó de intelecto e calo de mão. Seus versos vêm da imagem, do amor, da saudade, da contemplação. Com estética e sotaque próprios, nascem em Brasília e deságuam no Rio de Janeiro. Ler Marla é sentir a confortante sensação de que não estamos sós. É saber que temos alguém por perto para expressar o que sequer conseguimos sentir. (André Averbug)

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