Você nasceu como é apenas para se aperfeiçoar

Levamos grande parte do nosso tempo avaliando as outras pessoas, seja no trabalho, na família, nos relacionamentos amorosos, até mesmo os desconhecidos. A verdade é que estamos sempre avaliando as pessoas ao nosso redor, para evitar olhar dentro de nós mesmos. É uma das proteções que nos permitimos ter e que nos mantém intocados dentro da nossa zona de conforto. Isso não quer dizer que somos maus, não prova que somos seres malévolos, isso apenas demonstra como somos pouco práticos e gastamos nosso tempo com coisas que não podemos efetivamente mudar. Não podemos mudar o próximo. Aceitemos isso. Criticá-lo, na maior parte do tempo, é infundado e ineficaz. Contudo, nós podemos e devemos mudar a nós mesmos.

Você nasceu como é, mas não para permanecer como é. Nasceu assim, unicamente, para se aperfeiçoar e se aprimorar. Não adianta usar a velha desculpa de “eu nasci assim e não consigo mudar”, se o nosso maior propósito nesta vida é ser melhor. Não importa quanto tempo dure a vida, uma coisa nesta jornada é certa: não devemos conclui-la como começamos. A experiência que vivemos só terá feito sentido se for transformada em algo real e palpável. Todas as formas de fé pregam isso: que devemos buscar a mudança do nosso eu. Se há um ponto convergente no meio de todo embaraço doutrinário das religiões, é este.

Todos nós temos a capacidade única e pessoal de nos tornarmos o que quisermos ser, graças à autonomia que vem inerente à nossa essência, desde o nascimento. Diversas personalidades influentes demonstram como essa capacidade é patente. Winston Churchill era considerado um estudante medíocre e apresentava dificuldades extremas de linguagem, especialmente de fala. Apesar desse início desanimador, tornou-se um dos maiores parlamentares do Reino Unido, recebeu um Nobel de Literatura e, surpreendentemente, é considerado um dos maiores oradores de todos os tempos. Soichiro Honda investiu tudo que tinha, até mesmo as joias da esposa, em um projeto que pretendia vender à Toyota. Porém, teve seu projeto rejeitado, pois não se enquadrava nos padrões de qualidade da empresa. Ele, simplesmente, voltou a estudar. Admitiu para si mesmo que precisava aprender mais, sendo alvo de piadas de vários colegas. Mesmo assim, aperfeiçoou seus conhecimentos, refez todo o projeto, que foi, finalmente, aceito.  Walt Disney foi demitido de um jornal por não ser criativo e faliu o primeiro estúdio cinematográfico que abriu. No entanto, seguiu insistindo, melhorando e se transformou na maior potência mundial no ramo do entretenimento.

A essência humana é muito ampla para ser limitada e emparedada nos moldes do “eu sou assim e não posso mudar.”. Esta frase é, com toda certeza, o maior de todos os sinais de auto boicote que alguém pode dar e deve ter sido dita pela primeira vez por alguém preguiçoso demais para sair da própria zona de conforto ou por alguém arrogante o suficiente para não aceitar que todos nós sempre temos como melhorar. Quando a pessoa se dispõe a não ser capaz de mudar, o que ela está fazendo, na verdade, é impedindo o seu eu de se desenvolver e aprimorar. Ela está tolhendo a capacidade mais evidente dos seres humanos. Basta lembrar-se dos homens das cavernas que, através do aperfeiçoamento constante, conduziram a humanidade a uma vida com tecnologia e conforto. Eles poderiam ter permanecido vivendo de modo rústico, mas um ímpeto único dentro deles os fez compreender que eles tinham capacidade para mais. Não se trata de sorte, trata-se de reconhecimento. De perceber dentro de si mesmo que a sua capacidade só pode ser limitada por você mesmo.

Somos seres dotados de criatividade pura para nos reinventar e reiniciar. Nascemos com essa habilidade de seguir melhorando e de sempre ser alguém melhor. À medida que a vida vai acontecendo, é preciso pegar esses nossos aspectos que não nos favorecem e transformá-los. É preciso permitir que as experiências que a vida impõe nos transformem conforme as enfrentamos, do contrário, a vida é algo inútil e automatizado. E eu sei que a vontade de se agarrar à facilidade do “não dou conta” é muito tentadora, mas é preciso ser gentil com o seu próprio eu e permitir que ele se desenvolva. Aperfeiçoar-se é a forma mais leal de amar a si próprio, atribuindo significado real à própria vida e dando a si mesmo a oportunidade de ser alguém melhor. Quem se ama luta para não ser sempre o mesmo, luta para ver sempre um eu melhor nascendo e novas oportunidades surgindo, junto com este nascimento. Então, aceite que você nasceu como é, mas apenas para se aperfeiçoar, para se tornar melhor e desenvolver ao máximo seu eu. Ninguém nasceu para ficar sentado vendo a própria vida passar em vão. É uma opção, afinal, não há ninguém para obrigá-lo a ser alguém melhor, mas tenho fortes suspeitas de que aqueles que se aperfeiçoam são mais felizes e plenos. Talvez a mudança de vida que a gente tanto espera para ser feliz deva partir de dentro e não de fora. Por isso, seja para você o que você seria para as pessoas que você ama: um incentivador. E jamais aceite para você aquela história boba de “sou assim e não posso mudar”. Você é assim e deve mudar para melhor!



LIVRO NOVO



Rândyna da Cunha nasceu em Brasília, Distrito Federal, em 1983. Graduada em Letras e Direito, trabalha como empregada pública e professora. Tem contos publicados em diversas revistas literárias brasileiras, como Philos, Avessa e Subversa. Foi selecionada no IX Concurso Literário de Presidente Prudente. Participou da antologia Folclore Nacional: Contos Regionalistas da Editora Illuminare e das coletâneas literárias Vendetta e Tratado Oculto do Horror, da Andross Editora- http://lattes.cnpq.br/7664662820933367

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