Tá na hora de parar de sofrer pelo cara errado

Por Luiz Menezes

Vamos lá.

Vamos fazer uma mágica.

Eu não sou muito bom nisso, mas vamos tentar:

Pense nele.

Isso. Ele mesmo.

Você sabe de quem eu estou falando.

Pronto?

Agora pense em um número, que deve estar entre zero e todas-as-vezes-nas-quais-ele-não-te-respondeu. Pode escolher com calma; vou te dar um tempo extra pra pensar com exatidão.

Você pode pensar também em quantas vezes ele te tratou mal, ignorou você na frente dos amigos, te fez parecer louco. Você pode escolher qualquer um desses números.

Some esse valor ao total de bolos que você recebeu dele e, depois, subtraia quantas vezes você pensou “eu seria muito mais feliz sozinho, mas ainda gosto dele”.

Chegou a um resultado?

Deixe-me adivinhar: aparentemente, já está na hora de pararmos de sofrer por quem não nos merece.

É incrível e gratificante encontrar alguém; e juro, caro leitor, você pode não me conhecer, mas eu sei muito bem do que estou falando. Mas – e aí pode ser que seja muito mais só uma experiência pessoal do que de fato uma análise sociológica – sempre chega aquele momento em que nós começamos a questionar coisas no nosso relacionamento que, para os outros, sempre pareceram óbvias.

Prossigamos com alguns exemplos.

Você tem alguma amiga que já disse que não queria sair com vocês dois, porque ele não a deixa à vontade? Ou então essa mesma amiga já te chamou pra sair e disse pra não chamar ele, porque você fica diferente com ele perto?

Alguém, algum dia, já comentou em uma mesa de bar que aquela briga de vocês dois não fazia o menor sentido, porque era óbvio que você estava certo, e ele realmente só queria achar alguma maneira de jogar a culpa em você?

Seu melhor amigo já te convidou pra fazer qualquer coisa num domingo à noite, e você inventou uma desculpa antes mesmo de tentar, porque sabia que ele não ia gostar?

Você já digitou mil coisas pra enviar por mensagem e depois apagou, porque era simplesmente melhor e mais saudável nunca começar um assunto?

Você já sentiu medo dele?

Pois é.

Eu não estou falando de relacionamentos abusivos; estou falando de falta de respeito.

Todo tipo de relacionamento deve ser construído sobre grossos pilares de respeito mútuo nos quais, com compreensão e paciência, um abraça o outro – seus medos, inseguranças, vontades e desejos.

E, então, como se você fosse propriedade privada daquele ser humano, ele transforma o que você quer em um motivo de briga, e – obviamente – vocês brigam, e então você começa a acreditar que é uma pessoa meio louca ou meio carente demais, porque parece que todas as discussões estouram por sua culpa, e você acaba se dando o troféu de maior motivo pelo qual o relacionamento não dá certo. E nem pontuar uma frase você sabe mais direito.

Vale sempre lembrar – como disse aquela cantora ex-YouTuber-comediante – você é um problema seu. E eu sou problema meu. E ele é um problema dele.

Se ele é inseguro, é sua função o ajudar a se sentir confortável, amado e seguro. Se ele pega todas as inseguranças dele, bate no liquidificador até dar liga e as arremessa em cima de você esperando que você consiga se limpar e limpar a cozinha sozinho, isso aí já não é problema seu não.

A forma como ele te trata diz muito sobre ele. E a forma como você aceita ou repele os tratamentos desse ser humano, diz muito sobre você.

Não abaixe a cabeça.

Você não é a vítima da situação.

Pare de achar que você dá motivos quando, na verdade, você sabe que só está sendo você. E, independente de qualquer coisa, chega uma hora em que todos os seus amigos estão falando a mesma coisa: se ele não te entender, vai dar errado.

Se ele não te aceitar, vai dar errado.

E, no fundo, sempre tem aquela voz da consciência que diz que eles têm razão – afinal, ninguém “dá motivo” pra nada. Ele que é o motivo.

Desde que ele chegou, por acaso, você percebeu que sua autoestima caiu exponencialmente. Quando ele sai, você tem vontade de morrer – e você nunca foi assim antes mas, de uma hora pra outra, suas inseguranças cresceram de maneira inversamente proporcional ao seu amor por você mesmo. E, desde que ele chegou, você teve que abandonar pequenos hábitos que você tinha, porque foi simplesmente“melhor” pro relacionamento.

Não precisava de mágica nenhuma pra chegar a esse algoritmo final mas, infelizmente, nem sempre os coelhos querem sair das cartolas.

Se ele não vai embora, por medo, apego ou desespero, pegue todas as suas coisas, junte num trapo de pano, e vá você mesmo, levando tudo nas costas. Crie coragem de pagar a conta por todas as despesas que ser você mesmo te trazem. Saia pela porta sabendo que amar, às vezes, significa entender que o outro não está pronto.

Eu sei, você ama ele. E ele continua sendo a coisa mais linda do mundo.

Mas você deveria deixar ele na segunda posição, pra conquistar o universo com todas as suas unhas, garras, dentes e sonhos.

Por mais que ele diga o contrário, a culpa nem sempre é sua.

Muito menos dessa vez.

Amar é lindo.

Mas amar a pessoa certa é maravilhoso, pleno e reconfortante.

via Tempo de Amor



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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