Quando o amor expira

Tem dias que remexer no armário do passado dói. Sabe aquela caixa que você deixa escondida dos olhos e dentro dela guarda momentos profundos? Às vezes a gente a esconde tão bem de nós mesmos que esquecemos que ela existe. Infelizmente isso dura até a próxima faxina geral. Afinal de contas, de tempos em tempos a gente quer arrumar a casa, quer dar jeito na vida.

Aquela caixa pode ter sentimentos de saudades, lembranças de uma época que te fez tão bem, foi linda de ser vivida, mas que hoje não se adapta a quem você é. Essa caixa também pode carregar sentimentos que entristece, que pesa uma tonelada, aquilo que foi sorrisos se tornou em lágrimas.

Quem sabe fica um sentimento de, talvez se eu tivesse lutado mais, insistido mais. Não se angustie por isso. Algumas pessoas entram na sua vida com prazo de validade estabelecido e não há o que possa fazer. Ela vai vir, vai te marcar e vai embora. Aconteceu comigo, aconteceu com você e vai acontecer com todo mundo.

As pessoas mudam. Algumas para melhor, outras para pior. As vezes o que é amor para gente é só um passatempo para o outro. Recentemente descobri que uma amizade que era verdadeira para mim, não era vista da mesma forma pela outra pessoa. Sou uma pessoa difícil de me abrir, o processo de me entregar e confiar nunca foi fácil. Tenho certeza que a maioria das pessoas que me conhece pessoalmente me acha distante. Eu entendo, faço por merecer esse título. Mas é que já me machuquei tanto pelos caminhos da vida, que às vezes é mais fácil me fechar.

Ainda estou lambendo as feridas dessa amizade com prazo de validade vencido. Quando gostamos de verdade de alguém, ficamos vulneráveis e expostos demais. E basta o sentimento não ser correspondido para que um pedaço da nossa alma seja atingido. E isso serve para o amor em todas as suas formas: amizade, relacionamentos amorosos, família…

Fiquei me questionando esses dias, será que o amor expira? Será que sentimentos realmente tem início, meio e fim? Se relacionar com outro ser humano nunca foi fácil. Erramos, caímos, choramos e enfrentamos loucuras internas. Brigamos, somos magoados e afrontamos. Mas também perdoamos, amamos e somos felizes juntos. Se relacionar de verdade requer uma boa dose de paciência e de coragem. Coragem para permanecer quando as coisas estiverem ruins, lutando pela presença do outro.

Quando o amor é de verdade ele não expira. O amor pode até atravessar longos períodos de invernos rigorosos, mas depois ele se reinventa, renasce e de mansinho ele esquenta para um novo verão. Tudo floresce novamente e volta mais forte e resistente. Se for amor de verdade, a pessoa vai ficar, vai lutar, vai ser sua.

O problema é quando a gente acredita de verdade que é amor, mas não é. Aí no primeiro inverno ele morre ou morre em outros invernos mais severos. E depois que acaba fica esse peso no peito, essa dor latente. A gente até tenta disfarçar que não se importa, finge que não está vendo. Mas não se culpe, não pense que foi você a razão de ter acabado. Não foi. Você não poderia ter feito nada. A pessoa saiu por aquela porta por que quis.

Aprendi que não devemos engolir sentimentos, pois uma hora a gente se engasga. Então, deixe-se entrar no período de luto. Sofra tudo que tiver de sofrer, pois ocorreu uma perda e toda perda deve ser sentida para ser superada. Chore. Grite. Saia. Fique sozinho. Não importa como, mas lide com a situação.

Quando acabar, se abra novamente para o mundo. Acredite, tem muita gente lá fora louca para ter alguém como você por perto. Arrume novos amigos, novos amores, novas aventuras. Carregue sempre por perto os bons e poucos amigos, estes nunca te deixarão. E que os amores com prazo de validade nos façam crescer e florescer novamente.



LIVRO NOVO



Nanda Andrade não se desgruda dos livros. É extremamente apaixonada pela escrita, pela vida e pelo marido. Queria ter muitas vidas ao mesmo tempo para experimentar o máximo que pudesse de todas as possibilidades. No fim das contas seu coração egoísta quer guardar o mundo dentro de si.

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