Apegar pode sim porque faz bem ter alguém

Não sei bem como, mas algumas ideias sobre o amor se espalham com muita velocidade entre a moçada, apesar de serem completamente bobocas. A ideia estúpida de que ninguém pode se apegar a outro tornou massivamente anestésica. Acabou paralisando a inteligência amorosa da maioria dos nossos jovens.

É impossível, para mim, trilhar uma conexão lógica entre dedicar-se a um amor e querer, ao mesmo tempo, não se apegar a ele. Penso que as duas coisas não podem caminhar juntas. São antagônicos.

Qualquer pessoa que compreende o amor como uma entrega total a esta realidade pode enxergar essa incoerência de sentidos entre essas duas realidades. É verdade que existe uma certa sedução pelo discurso do desprendimento, e a razão é a imaturidade e a deficiência de saber aprofundar-se em algo que ocupe seus esforços e atenção por muito tempo.

Estamos em uma dispersão alarmante, e desde que esta geração decidiu conquistar o mundo optou também pela falta de compromisso. E a coisa ganha força porque esta consciência está em todos os tipos de jovens, os das classes altas, médias e baixas. É quase uma contaminação viral.

É preciso se apegar sim!

Esse discurso está tomando a cabeça até mesmo daqueles mais jovens que nem sequer entraram em uma relação mais séria. Mesmo que saibamos que essa experiência não tem muita lógica, essa mentalidade não apresenta nenhum sinal de enfraquecimento, pelo contrário, ganha força de maneira universal e favorece a repetição da ideia.

Por que insistir, incentivar e encorajar uma mentalidade que tem nos deixado experimentar apenas um aperitivo momentâneo do amor? Ninguém precisa de mais que algumas experiências com o amor concreto para descobrir que o que estão fazendo com a gente é disseminando uma falsa ideia de amor em nome da liberdade.

Depois que essa estupidez vem sendo dita como um mantra, o amor torna-se como uma maçaneta girando em falso. E por que uma crença idiota como essa dura décadas? Bem, é porque não conseguimos eliminar o seu efeito cômodo durante os diversos fracassos relacionais que provocamos. É perverso demais pensar que se algum amor deu errado, talvez tenhamos alguma culpa.

O que nunca nos explicaram e nem nenhum dos adeptos dessa ideia nos contam como foi que esse amor sem apego, uma vez que é mais livre e independente, não os empurrou para uma experiência de amor duradouro. É fácil concluir. É porque esta ideia de amar sem depender do outro é uma impossibilidade lógica.

É assim que uma idiotice é consagrada e a gente nem percebe.

via Casal do Blog



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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