Marcel Camargo

Mulher não tem que consertar homem, mulher não é oficina de embuste

Em pleno século XXI, ainda perduram algumas ideias tão ultrapassadas, que é difícil, às vezes, vislumbrar avanços significativos em algumas esferas. É o caso, por exemplo, de certos papéis relegados às mulheres, os quais não condizem em nada com o que ela deve ser ou fazer. Exemplos disso são os estereótipos que há tempos ilustram essas visões ultrapassadas.

Rainha do lar, por quê? Casa não é castelo, nem reino. Não há mais obrigação nenhuma de a mulher tomar para si as tarefas domésticas, enquanto o marido assiste ao noticiário. Amor é cumplicidade, troca, ajuda mútua, ou seja, quando o parceiro ajuda nas tarefas do lar, não faz mais nada do que obrigação. Ninguém tem que se gabar de ajudar a mulher em casa, afinal, trata-se tão somente de assumir o que cabe a ambos, na mesma medida.

E quando dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher? Que cabimento tem isso? Oras, mulher fica ao lado, à frente, fica onde ela quiser. Atrás é que não fica mais, não. Hoje, principalmente, com a mulher se destacando em todos os espaços que existem, essa frase não tem mais sentido algum. Aliás, essa frase tem que mofar lá no passado, junto com o machismo.

É por essas e outras que acabam colocando sobre a mulher responsabilidades que não são dela. Se, antes, ela parecia estar relegada a um segundo plano, sacrificando-se pelos filhos, pelo casamento, pela família, hoje isso não tem mais coerência – se bem que nunca teve. A mulher também tem que pensar em si, valorizar-se, lutar por direitos, resguardar-se de todo um ideário que cheira a mofo e que ainda teimam em lançar contra ela.

E chega de ficar ouvindo que uma boa mulher coloca o homem nos eixos. A mulher não tem responsabilidade alguma sobre o homem. Esse papo de que mulher conserta parceiro coloca nela um peso que não lhe cabe. Mulher não é clínica de reabilitação, é uma das partes de um relacionamento em que um ajuda o outro, mas cada um colhe de acordo com o que plantou. Homem que quer sua mulher fazendo o papel de sua mãe precisa é de terapia. Ele que lute. E ponto.

***

Photo by Andrea Piacquadio from Pexels

Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Eliezer revela que empresa criada para filha faturou mais de 17 milhões de reais

Em uma entrevista exclusiva concedida ao programa "No Lucro", da CNN, o ex-BBB Eliezer abriu…

17 horas ago

Cães resgatados de enchentes no Rio Grande do Sul são presenteados com ursos de pelúcia

Um gesto de amor e solidariedade viralizou nas últimas horas nas redes sociais, trazendo um…

17 horas ago

Avós que definem limites: ‘Cuidar dos netos ocasionalmente é diferente de virar cuidador principal’

Os avós cuidando dos netos, é uma cena comum e muitas vezes comovente. No entanto,…

2 dias ago

Cavalo é resgatado de apartamento no terceiro andar no RS após 10 dias de confinamento

Na cidade de São Leopoldo, no Vale do Sinos, uma equipe do Corpo de Bombeiros…

2 dias ago

Ator Paulo César Pereio, ícone do cinema brasileiro, falece aos 83 anos

No último domingo (12), o mundo do cinema brasileiro perdeu uma de suas figuras mais…

3 dias ago

“Eram muito unidos”: Desabafa parente de familia achada abraçada e soterrada em casa no RS

No município de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, uma tragédia causada pelas intensas…

3 dias ago