Houve um tempo em que eu não vivia…sobrevivia

Não me chame de fraca, eu já perdi as contas das vezes em que engoli o choro e forcei um sorriso para ter que dar conta dos meus afazeres. Houve um tempo em que eu não vivia, eu apenas sobrevivia. Viver, para mim, significava matar um leão por dia. O sorriso era artigo de luxo para mim, e o fato de eu não ter chorado naquele dia, já simbolizava uma grande vitória.

Eu tinha medo de tudo, e medo do nada, como canta o Paulo Ricardo. Eu tinha medo de sonhar porque fui ensinada que sonho não enche barriga. Eu me sentia apreensiva quando algo dava certo, pois eu cresci ouvindo que o choro sempre vem depois do riso. Eu não me sentia merecedora de nada, tampouco, me sentia capaz de conquistar os meus sonhos. E paguei muito caro por essa forma de me enxergar, isso era explicitado, principalmente, nos meus relacionamentos abusivos. Eu saía de uma barca furada e entrava em outra. Foi assim até eu começar a mudar a forma de me olhar, até eu perceber o tesouro que carrego em mim. Tudo mudou. Hoje eu olho para o meu relacionamento e penso: ‘ah, esse homem, sim, combina comigo’. Por ele, eu melhoro todos os dias.

Eu atravessei um longo deserto, sozinha. Eu tive que me reinventar durante a minha vida inteira. Nessas reinvenções, eu sempre descubro uma fonte de energia aqui dentro de mim, intocável. Então, me surpreendo, me renovo, me alegro, me motivo, aprendo, ensino, inspiro, eu me sinto grata…eu me perdoo.

Eu sempre busquei ler sobre superação, eu amo entrar em contato com histórias de pessoas que deram a volta por cima. Nesses momentos, fecho os olhos e mentalizo ‘se deu certo com essa pessoa, vai dar comigo também’.

Eu ainda carrego muitos medos, mas aprendi a lidar melhor com eles. Eu consigo me olhar nos olhos diante do espelho e dizer “acalme-se, você se lembra daquela luta que você enfrentou e saiu vitoriosa? Então, isso aqui será fichinha pra você”. Aprendi também a dizer para mim mesma “se você falhar, não tem problema, isso não te define”. Eu já fui minha grande carrasca, a pior carrasca do mundo, ainda tenho essa tendência, mas, ao longo do tempo, tenho aprendido a sorrir de mim mesma e tenho amado isso, é terapêutico demais.

Acho que amadureci e fiquei mais humana comigo mesma. Antes, eu não me priorizava, me sentia culpada até por dormir até mais tarde. Hoje em dia, eu me permito mais, eu me coloco como alguém que merece o meu melhor porque já sofri demais. Eu amo me agradar, aprendi a dizer ‘não’ porque percebi que o fato de eu me sacrificar pelos outros não vai me tornar mais amada. Pelo contrário, quanto mais a gente se doa, menos a gente é valorizado, chega um ponto em que uma ação de generosidade vira obrigação se você não se posicionar. Mas eu continuo com o meu coração bom, só não sou mais aquela pessoa que se coloca em último plano na lista de prioridades, como já fiz tantas vezes.



LIVRO NOVO



Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.

1 COMENTÁRIO

  1. Este texto é lindo! me identifico muito nele e vejo em muitas mulheres próximas a mim com quem convivi no decorrer da vida. Parabéns pela sua evolução pessoal e pela sua habilidade com as palavras, motiva muitas outras mulheres que estão nesse processo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui