Amar não depende de reciprocidade

Por Isabela Nicastro – Sem Travas na Língua

Já me apaixonei muitas e muitas vezes. Apaixonar-se, para mim, não é algo difícil. Muito menos fácil. É apenas possível. A cada relação, me abro para a possibilidade de me apaixonar. Coloco-me à disposição para que, caso a paixão aconteça, eu a acolha naturalmente. Nessas tantas vezes em que aconteceu, em boa parte delas, não tive o retorno que eu esperava. A reciprocidade não veio para tornar o amor ainda mais belo. No entanto, isso não foi motivo para que eu não enxergasse a real beleza no simples fato de me apaixonar.

Há quem diga que o amor só vale a pena quando é recíproco. Discordo. É fato que, quando ele não acontece na outra parte, tudo se torna mais difícil. É preciso abdicar de um sentimento tão nobre, pois o outro não pode ou não quer recebê-lo. Muitas vezes, a gente não entende como alguém pode amar sozinho. Questionamos como o outro, por mais que tenha demonstrado algum sentimento, não consegue, de fato, retribuir o nosso amor. Mas aí, há certas coisas que a razão não dá conta de justificar. Principalmente, quando se referem ao coração.

E não é por isso que um amor não valeu a pena. A reciprocidade, de forma alguma, desvaloriza o poder de se apaixonar. O fato de a outra pessoa não sentir o mesmo que você sente, não torna o seu sentimento menos nobre. Pelo contrário, o torna ainda mais valoroso, diante de um cenário em que ele não tinha condições de crescer, mas mesmo assim floresceu. É como uma planta que dá flor em um terreno árido e infértil. Contrariando todas as possibilidades, ela surgiu, assim como o amor.

Não pense que os apaixonados e não correspondidos são trouxas por isso. Eu não sou. Você também não é. Apenas cedemos espaço ao sentimento mais nobre e deixamos com que ele conduzisse as rédeas. Talvez agora, diante do conhecimento sobre o sentimento do outro, seja a hora de retomar as rédeas. De conduzir esse amor e canalizá-lo para o próprio bem. Transformá-lo em amor próprio e, sobretudo, não desvalorizá-lo diante da não-reciprocidade.

Saiba que emanar amor é um ato para poucos. Nem todos conseguem se apaixonar intensamente. Só quem se entrega consegue, de fato, permitir que o amor se instale. E, por mais que ele não seja recebido pelo outro, como eu e você gostaríamos, ele continua sendo amor. Continua enchendo o seu coração de desejos bons, de energias positivas e do melhor que você pode oferecer.

Por isso, emane muito amor. Para o universo, para o outro e, principalmente, para você. Ame-se!

Imagem de capa: Dean Drobot, Shutterstock

Fonte indicada: Sem Travas na Língua



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Capricorniana, 23 anos, jornalista. Apaixonada por mar, cães e cafés da tarde em família. Não dispenso bacon e muito menos uma boa história. Meu coração é intenso e grita mais do que a razão. Tenho o sentimento como guia e a escrita como ferramenta.

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