Canto honesto para a alegria da gente.

Imagem de capa: Evgeny Bakharev, Shutterstock

Ah… gente amiga. E eu lá sei explicar? Não sei como acontece. Sei lá de onde vem, não desconfio como chega. É um mistério. Por que vem? Boa pergunta. Eu não sei. Só tenho a impressão de que chega na hora certa, chega para nos salvar.

É. Quando a linha do trem parece embaralhar com outras vias, o caminho se torna incerto e o desastre se faz inevitável, ele chega dizendo “alto lá!”. E quando o vazio se mostra insuportável e obtuso, lá vem ele a preencher todo espaço sem nada, sem mais. Ele vem que vem. Chega chegando.

Sorte nossa. Para fortuna dos nossos dias, quando duas pessoas desconhecidas, paradas no trânsito, trocam um inexplicável olhar de ternura por dois segundos para em seguida partirem acelerando rumo a destinos diferentes, com a certeza de nunca mais se encontrarem, ele está lá. Montado num instante de eternidade, sorrindo ensolarado.

Ele vem, acredite. Mas não espere, não. Deixe estar. Vá viver que na hora certa ele chega. Ele chega pra todo mundo. Até para aqueles que insistem no ofício maldito de entristecer os outros, investidores da estupidez, da grosseria e da maldade nas bolsas de desvalores. Chega derrubando velhos muros de pintura descascada, libertando toda gente dos pregões que nos colam à parede feito moscas cinzas de pesar.

Quando ele vier, não estranhe, gente amiga. Não estranhe se encontrar nas ruas uma multidão de pessoas sorrindo livres. Porque sorrir, ah… sorrir é um exercício de liberdade. Sorrir sem cordas nem freios nem farsas. Sorrir solto apenas, como aquela gente que ainda toma sorvete depois do almoço, voltando para o trabalho, sorrindo honestamente. Essa gente que economiza dinheiro e energia para as férias, que faz um filho pelo prazer imenso de criar pessoa nova para um mundo que precisa tanto ser melhor. Gente que não guarda só os dias santos, mas vive cada santo dia na maior fé de que pode fazer as coisas melhorarem. Gente que levanta da cama à noite para conferir se passou as chaves na porta. Gente. Gente.

Viu ali? Na festa do rabo agitado do cachorro? É ele. É ele que está chegando. Esse velho e imprevisível sentimento de alegria que nos arrebata, nos toma pela mão e nos leva para a vida. Não sei como acontece. Sei lá de onde vem. Mas ele veio de novo, veio numa esperança. Veio na brisa fresca do encantamento. Chegou para nos salvar. Vai, gente amiga. Aproveite, aproveite que a vida é a maior alegria da gente.



LIVRO NOVO



Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

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