A hora certa de dar um basta!

Imagem de capa: Anna Om, Shutterstock

Se você já não estranha mais os dedinhos apontados para o seu nariz. Se você já se acostumou ao volume alto das vozes que criaram o hábito de te criticar o tempo todo. Se a sua garganta anda arranhada e fechada, pelo acúmulo de coisas por dizer… Quer saber? Está na hora exata de você dar um basta!

Quando não queremos ver algo, fechamos os olhos. Quando não queremos nos envolver com opiniões próprias, fechamos a boca. Mas o que fazer com as orelhas, essas janelas indiscretas a ladear nossa cabeça e colocar-nos expostos a todo tipo de ruído externo? As orelhas não têm “portas” como os olhos e a boca. E é por isso, que a decisão de não ouvir, depende de um movimento intencional nosso: podemos usar as mãos, ou podemos simplesmente sair dali. Ora, o que vamos fazer para poupar-nos da verborragia descontrolada de quem quer que seja, na verdade pode representar um enorme avanço em nossa postura diante do mundo.

Limites foram criados historicamente para criar espaços garantidos a todos os envolvidos. Cidades têm limites, países têm limites, planetas tem limites! Então, por que raios nós não haveríamos de tê-los? É bem verdade que isso é coisa que se aprende. É parte das incontáveis lições de vida que só a vida sabe dar. Não é coisa que um ensine para o outro, posto que constitui aquele arsenal secreto de sobrevivência nas relações. Também é bem verdade que uns aprendem mais rápido, outros mais devagar e, outros, não aprendem nunca. Isso posto, basta que façamos a nossa opção. Em qual dessas turmas vamos escolher ficar?

Estabelecer áreas instransponíveis ao outro é, também, uma demonstração de afeto, de confiança e de valorização. Quando fazemos de nossa vida uma região amorfa, é como se disséssemos ao outro: ISSO AQUI É TERRA DE NINGUÉM! NÃO TEM VALOR! INVADA! TOME! USE! DESCARTE! E… FIQUE À VONTADE! Essa atitude frouxa chega a ser ofensiva àqueles que gozam de nossa convivência. Parece contraditório? Mas não é! Ao nos desvalorizarmos numa relação, estamos oferecendo algo, que na verdade, não tem valor nem para nós mesmos. Não faz todo sentido?!

E afinal, quem é que vai sentir prazer ao lado de alguém que não representa nenhum desafio, que não é capaz de discordar, que parece desprovido de energia? Gente sem fogo nos olhos, com o coração em cinzas e alma gelada. Gente que parece que já morreu, só se esqueceu de deitar.

Sendo assim, crie coragem e levante-se. Vá até o espelho mais próximo, olhe bem dentro dos olhos dessa pessoa que te contempla do outro lado e a convide a sair da sombra. Leve-se para fora dessa caverna, desse buraco de acomodação no qual você se meteu, com medo de desagradar os outros. Pode ser que no começo isso seja assustador. Mas acredite, desafiar-se a si mesmo é uma das delícias indescritíveis da vida. E uma vez experimentada a sensação de não depender do outro, o paladar afetivo nunca mais será o mesmo. Que sejam muito bem-vindos outros sabores, outras cores, outras melodias que façam coro aos “bastas” que nos libertam da posição de vítima.



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"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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