Por alguém que nos ame quando loucas

Nascemos autênticas e nos acostumamos com olhares de reprovação. Pegamos a realidade e a adaptamos para que caiba em nós. Somos intensas e não nos encaixamos em nada que seja raso. Somos mulheres profundas e loucas.

Uivamos ao som da lua. Saímos de madrugada para comprar cigarros. Não ligamos para o que os outros pensam. Expressamos com liberdade a nossa verdade. Não importa a cor do batom na boca, pois não vestimos rótulos, gostamos de vestir tudo que somos.

Um único estilo não nos define. Somos poesia, palíndromo em palavras invertidas. Não somos previsíveis. Somos ternura e tormento. Somos um pouco de todas as mulheres que vivem em nós.

Há dias em que acordamos implicantes. Implicamos com nosso cabelo, com nossas roupas, com nossas próprias ideias. Implicamos com a toalha molhada em cima da cama, com a tampa da privada levantada, com a torneira quebrada da cozinha. E isso, comumente, só demonstra o quanto nos importamos.

Há dias em que acordamos serenas, daí a flor que nasceu na varanda nos encanta, uma música pode nos fazer viajar e um filme meloso nos leva às lágrimas em um piscar de olhos.

Retiramos os diários das gavetas e lemos o que sobrou deles depois de termos tentado queimá-los fazendo uma fogueira no meio da sala.

Somos bálsamo e ferida. Não gostamos que nos tomem ao pé da letra. Muitas vezes calamos o que queremos dizer e dizemos o que queremos calar.

Cismamos com o tempo. Cismamos com algumas pessoas. Cismamos em amá-las, em trazê-las para bem perto ou o contrário. Então culpamos a intuição por isso.

Somos perceptivas. Somos um enigma esperando por um novo Sherlock Holmes. Deixamos pistas. Deixamos mensagens. Trocamos uma noite de sono por uma cheia de declarações de amor.

Criamos expectativas. Defendemos nossos pontos de vista com veemência, mesmo não tendo a razão como nossa mais fiel aliada. Nos desafiamos.

Fingimos que não temos cólicas. Que não temos TPM – mesmo quando isso parece evidente. Fingimos não doer o que dói muito. Dançamos sem música e muitas vezes preferimos sair de uma festa só para ver as estrelas.

Não fugimos de uma boa conversa, mesmo que ela não nos leve a lugar algum. Não fugimos de qualquer amor, mesmo que ele nos pareça complicado. Não fugimos das nossas vontades, mesmo que elas estejam onde disseram que não deveriam estar.

Nos entregamos aos risos descontrolados e às lágrimas duradouras. Somos um universo. Um mundo regido por uma força estupidamente sedutora.

Somos malucas e nascemos para o amor. Um amor sussurrado, gemido e gritado. Vivemos o nosso sentimento sem disfarce e sem medida. Nascemos para sentir e ao nosso lado só podem estar aqueles que não têm medo de frio na barriga e de ser feliz.

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Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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