As emoções e as memórias da nossa Divertida Mente

Por Raquel Rocha – via Obvious

Nós somos feitos de vários momentos e, em cada um deles, agimos com determinadas peculiaridades. Às vezes duvidamos da nossa própria capacidade, às vezes só conseguimos chorar e chorar, em outras – no entanto -, nos saímos bem melhores que o esperado. Mas, o que nos define, de fato, não é por quantos ciclos bons ou ruins nós passamos, mas a forma como enfrentamos cada um deles.

Não é mais segredo de que a Pixar vem se dedicando a criar animações com mensagens não apenas para crianças, mas para adultos também. A ideia de que as grandes aventuras de seus ilustres personagens vieram para alegrar o público infantil não basta para definir seus enredos. Agora, as mais diversas histórias se desenrolam de maneira que sempre nos passam algum ensinamento e nos fazem rever aspectos pessoais de nossa própria vida.

O filme Divertida Mente, ganhador do Oscar 2016 de Melhor Animação, nos cativa e nos matem atentos do começo ao fim de sua narrativa. O segredo? Uma garota de 11 anos e como as emoções governam o fluxo de sua consciência. Mesmo com a diferença de idade que pode haver entre você, caro leitor, e a pequena Riley, eu lhe garanto: é impossível não se identificar e não se comover. Tudo isso, claro, porque todos nós temos os nossos momentos de fraqueza e, em grande parte deles, não sabemos como agir.

Com um ótimo roteiro e com uma riqueza gráfica e cheia de detalhes, o filme fala sobre o que se passa dentro da cabeça de Riley. A garota basicamente se divide em cinco emoções básicas: Alegria, Tristeza, Raiva, Nojo e Medo. Cada uma equivale a um personagem, caracterizado por cores e comportamentos, e destacam-se por suas nítidas diferenças e maneiras opostas de enfrentarem a mesma situação.

Existe uma frase que diz o seguinte: “Corra o risco. Se der certo, felicidade. Se não der, experiência”. Ela é um tanto quanto encorajadora, mas, mesmo assim, não faz com que criemos forças o bastante para enfrentarmos momentos difíceis no dia a dia. Assim como Riley, as mudanças pelas quais passamos muitas vezes são vistas com medo, principalmente pelo fato de nos vermos de cara com o desconhecido. Claro, não é fácil passarmos por perdas, ausência de amigos, finais de relacionamentos, mudanças de casa, de emprego, de rotina. Mas é importante nos lembrarmos que nada pode ser pior do que nos mantermos estagnados, no mesmo lugar e com as mesmas vontades, sempre.

É interessante entendermos que todos e quaisquer obstáculos que venhamos a enfrentar vai exigir de nós, cada vez, um pouco mais de fôlego. Claro que, é comum acharmos que não seremos capazes ou nos sentirmos fracos. Logo, o segredo está em saber lidar com os nossos sentimentos e não achar que precisamos ser feliz o tempo inteiro. Na mente de Riley, a personagem que representa a alegria, faz questão de manter tudo nos eixos, evitando as demais emoções. O que ela não percebe é que não somos feitos apenas de coisas boas e, para o nosso aprendizado e crescimento pessoal e espiritual, precisamos nos conhecer por completo, deixando que sentimentos não tão bons e memórias nem tão boas façam parte de nós.

Compreendo que talvez a nossa luta constante seja por sermos alguém melhor para vivermos assim em um mundo melhor também. Mas isso não significa tapar toda a nossa raiva, nosso medo, nosso nojo e tristeza com uma peneira. Deixe-as entrar. Permita-se chorar, ficar chateada, entristecer, não gostar de algo ou alguém, ter receios ou desistir. A vida é isso, um eterno vai e vem, e curta demais para acharmos que precisamos ser 100% sempre e em tudo. Precisamos aprender e entender a nós mesmos – com nossas qualidades e defeitos -, para compreender o mundo que nos cerca.

Enfrentar nossos próprios defeitos pode ser doloroso. Muitas vezes vemos o que não gostamos e tentamos imediatamente eliminá-los. Mas digo e repito quantas vezes forem necessárias: ao invés de apagá-los, aceite-os! Descubra quais são seus pontos fracos, o que te deixa frágil e lide de maneira bem mais sábia com o que precisar enfrentar na vida. Esqueça o conceito de que a alegria precisa ser a única semente plantada em suas memórias e emoções. Nós somos um conjunto de planos e sentimentos, precisamos fazer de cada momento único e tirar dele o melhor aprendizado possível. Lembre-se de deixar a felicidade entrar quando ela bater na sua porta. Mas, lembre-se também que mar calmo não faz bom marinheiro. É por isso que estamos aqui, entre tantos altos e baixos, nós vivemos!

Tenha uma divertida mente. 🙂



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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