O que acontece quando duas pessoas não amam de forma igual

Patricia Lemos

Quando duas pessoas não amam da mesma forma, existe um elefante gigante sentado pacientemente no quarto. Ninguém quer falar da sua presença, de admitir que ambos sabem que ele está lá. Mas todos podem ouvi-lo respirar, o chão rangendo sob o seu peso. É impossível ignorar. Ele apenas fica lá, à espera.

Quando duas pessoas não amam igualmente, aquele com um afecto mais profundo vai sentir-se como se tivessem enlouquecido. O que eles estão a perder? Existe alguma coisa que poderiam fazer de coisa diferente? Eles não vão entender quão certo o seu coração pode ser quando quem eles amam tanto não retribúa. Eles não vão entender como podem sentir tanta electricidade a partir de um par de lábios, como se fosse desta maneira que as lâmpadas formaram a sua existência.

Quando duas pessoas não amam igualmente, aquele com menos carinho vai odiar a si mesmo. Talvez não completamente mas um elemento de auto-aversão vai aparecer. Eles irão questionar o que há de errado com eles, porque não conseguem fazer com que pareça tão sincero.

Quando duas pessoas não amam da mesma forma, existe muito choro. E vem de ambas as partes. O tipo de choro que vem quando um coração está partido numa maneira que ninguém consegue compreender. O tipo de choro que vem quando desejas desesperadamente que houvesse alguma coisa que pudesses alterar. E talvez o pior tipo – aquele encharcado de culpa.

Quando duas pessoas não amam igualmente, alguém sairá magoado. E alguém tem que causar a dor.

Mas isso não significa que não os magoe também. Isso não significa que eles não estejam a quebrar com tanta dificuldade.



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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