Ei, presta atenção em você

Você já acordou querendo nascer de novo? Quero dizer, já aconteceu de se olhar no espelho e não encontrar nada, absolutamente nada bonito naquilo que vê? Já? Bom, comigo já e ainda acontece. Fiquei divagando sobre isso hoje, pensando como a forma que nos queremos bem faz diferença, como tem dias em que nos encontramos tão frágeis a ponto de não enxergarmos tudo de bacana que nos tornamos ao longo dos anos.

Somos perfeitos dentro dos inúmeros defeitos que temos, somos únicos se pensarmos naquilo que somos bons, que somos ótimos, que somos incomparáveis. Somos lindos quando lembramos daquilo que temos de mais bonito, por dentro, por fora, por todos os lados.

Somos fortes quando calculamos de quantos barrancos já nos jogamos e como sempre saímos mais fortes de cada queda. Quanto mais dura a pancada, mais indestrutíveis voltamos. Somos capazes quando acreditamos nos sonhos que já realizamos e naqueles que ainda desejamos tanto conquistar.

Somos bons quando recordamos daquele amigo que ajudamos com tanto afinco, somos puros quando lembramos daquele joelho ralado e do aconchego do colo da mãe. Somos tanto que fica difícil classificar tudo que somos. Somos poetas, somos heróis, somos confeiteiros, pedreiros, amantes e amados.

Porém, eu sei bem, a gente esquece mesmo. Aí acordamos com aquela nuvem preta na cabeça, aquela que repete sem parar o quanto somos imperfeitos, defeituosos, inseguros e doloridos. Somos tudo isso mesmo, mas somos humanos antes de qualquer outra coisa.

Humanos feitos de carne, osso e esperança. Só precisamos aceitar isso e compreender que o amor faz ninho dentro do peito de cada um de nós, que temos livre arbítrio para decidir o quanto sofreremos, a quem amaremos e, principalmente, o que merecemos da vida.

O que você merece? Você tem recebido aquilo que merece? Não? Ok, mas você tem se dado aquilo que merece? Há uma frase que diz assim: “amar a si mesmo é o começo de um romance para toda a vida”, acho que é do Oscar Wilde. Eu sei, a gente esquece mesmo – e esquece muito disso.

Mas ó, a gente também lembra, né?

Nesses dias inseguros e repletos de espelhos sombrios pela casa, vamos combinar uma coisa? Senta no sofá e lembre de tudo isso que eu disse aí, relembre dos melhores momentos da sua vida, enumere suas qualidades (é difícil, eu sei que é, mas peça a ajuda de um amigo querido para que não falte mencionar nenhuma das suas virtudes).

Respire fundo, se olhe de novo no espelho e refaça isso quantas vezes for preciso. Olhe a parte do seu corpo que você mais gosta. São os olhos? A boca? As mãos? Se achar muito difícil, olha só, esquece tudo isso, deixa para amanhã essa parte do espelho. Tampa todos eles se achar que vai doer menos, ok?

Não tem importância se a gente não consegue melhorar hoje, está tudo bem, somos humanos, lembra disso? Temos direito de não estarmos inteiros alguns dias do ano, está tudo bem. Repita comigo: “está tudo bem, está tudo bem. Não, está tudo uma merda, mas amanhã vai estar tudo bem”.

Exorcise-se, coloque para fora, peça socorro para um abraço acolhedor e esqueça o mundo ali ou fique quieto mesmo. Aceite-se frágil vez ou outra, ninguém aqui é o homem do gelo (graças a Deus).

Amanhã sempre será outro dia.

E nunca será tarde demais para lembrar o quanto você é importante – quantas vezes for preciso.

Imagem de capa: Dean Drobot, Shutterstock



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Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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