Carta para a minha mãe

Para o meu amor, dona Gleide.

Por ti, mãe, eu choraria todas as lágrimas de todas as tristezas do mundo, para nunca mais te ver sofrer. Por ti, mãe, eu passaria em claro, todas as noites do resto da minha vida, para te ver dormir tranquilamente. Se eu pudesse, mãe, eu viveria somente em função da tua alegria, e não sou capaz de imaginar a minha existência sem a tua companhia. Em ti, mãe, vejo o meu único porto, minhas únicas saídas, e todos os remédios possíveis, para todas as minhas feridas. Em ti, mãe, vejo a minha paz e a minha mais perfeita harmonia, pois do seu lado sou tão feliz, como nunca – sem a tua presença – seria. Por ti eu não abriria mão da minha vida, pois sei que jamais permitiria, mesmo abrindo mão da sua – em cada dia de trabalho duro – em prol da minha alegria.

Quero um dia te dar, manhãs de verdadeiro descanso, tardes com eternos sorrisos e noites de puro sossego. Quero te ver acordar e dormir, sem nunca mais voltar a sentir medo. Medo de algo me faltar, de não ter alimento, medo de não se sustentar enquanto luta pelo meu sustento. És a rainha do reino do meu amor, e a fortaleza do reino da minha vida. Fiz, faço e farei absolutamente tudo, para não ver a tua face entristecida. Ainda assim, sinto que faço tão pouco perto do que mereces, me sinto sempre tão presente em cada uma das tuas preces. Sinto medo de partir e assim te causar sofrimento, mas só de pensar em te perder, e se inicia o meu tormento. Sinto um tanto mais por saber, que comigo você sempre estará. Por isso o maior medo da minha vida, é te fazer – por mim – chorar. Queria pedir perdão, por todo o mal que já lhe causei, pelas noites em que não dormiu, outras tantas em que nem comeu, pelos dias em que não me viu e, por tudo, que – por mim – já sofreu. Queria que me perdoasse por tanta coisa, mas sei que serão pedidos em vão, pois o coração de mãe é naturalmente, a fonte de todo perdão.

És, mãe, o resultado perfeito das somas que me engrandecem, das multiplicações que me expandem e das subtrações, que me solidificam. A única estabilidade que desejo, é ver a sua. O único conforto que quero, é ver o seu. De que me valeria todo o luxo do mundo, se eu não tivesse o seu carinho para chamar de meu? São teus os meus mais sinceros abraços, é tua a minha mais profunda vontade, de acordar e prosseguir, ser capaz de quase tudo para te fazer sorrir, menos te faltar com a verdade. Vejo nos teus olhos cama e cobertor, penso que a tua voz é a única que pode ter o amor. És feita de luz, motivo de inveja para o luar, pois se não há sol, ainda és capaz de iluminar. Sou um tanto breu, quase não posso enxergar, necessito de ti para me guiar. Posso te ver assim, no fim do longo túnel que há em mim. Pegue a minha mão e seja os meus olhos por aí. Pois serei os teus, quando precisar de mim.

Termino esta carta com lágrimas nos olhos, pois sou feito de água e amor, e as gotas que brotam de mim, são pedaços de ti a lavar o meu rosto, que também te ama. Pois, bem no fundo, só acredito no amor quando você está por perto. Só acredito que sou capaz de amar, quando me lembro de ti. Pois posso morrer de sede, frio ou fome, mas, por amor eu vivo, e vivo porque preciso, te provar pelo que vivi. Te amo por tudo que és capaz de fazer e pelo que não sou capaz de ser, para te dar uma vida mais serena. Te amo pela capacidade, de alterar a minha realidade, e fazer com que as minhas angústias, sejam sempre pequenas. Te devo tudo que sou, te amo por tudo que és e, o que for preciso eu te dou, para que descanse os teus pés. Te amo todos os dias, por toda a minha vida, e este é o motivo maior, para eu sempre procure o melhor, e mantenha a minha cabeça erguida.

Imagem de capa: Sjale, Shutterstock



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Fellipo Rocha é poeterapeuta, músico e idealizador da página Corpoesia. Além disso, escreve pelos sorrisos que perde, todas as vezes em que não sai de casa.

1 COMENTÁRIO

  1. Cara, parabéns pela carta para sua mãe. Um dos textos mais lindos e tocantes que já li na minha vida. Vou plagiar, com todo respeito, para minha mãe. Afinal, dizem que a poesia não é do poeta, e de quem precisa dela…
    Grande abraço! Continue escrevendo, para nossa alegria.

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